Erro humano no maior acidente de aviação no Brasil
Fraca instrução, má coordenação de cabine, pouca experiência do piloto, terão sido algumas das causas identificadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos (Cenipa) para o desastre na aterragem do Airbus A320 da TAM que saiu da pista e embateu num edifício fora do aeroporto. Morreram 199 pessoas
De acordo com o relatório preliminar a que o jornal Estado de São Paulo teve acesso, os peritos não encontraram evidências de "falha nos aceleradores". Não foi ainda possível determinar com 100% de certeza em que posição as alavancas de potência estavam no momento em que o Airbus atravessou o Aeroporto de Congonhas. O equipamento ficou em muito mau estado devido ao fogo.
No entanto, indica o relatório, a caixa preta recolhida revela que os pilotos deixaram as alavancas de potência fora da posição recomendada. Uma estava a acelerar e outra na posição contrária.
Para perceber de que forma esta situação poderia afectar o voo, o Cenipa realizou em simulador 23 procedimentos de aproximação e aterragem no aeroporto de São Paulo. A conclusão foi a seguinte: "A repetição das acções dos pilotos, da forma como foram registadas pelas caixa negra, levou ao mesmo resultado do acidente, até mesmo quanto às posições e velocidades com as quais a aeronave saiu da pista e colidiu com as edificações".
As simulações revelaram ainda que, embora não previsto pelo fabricante, as tentativas de descolagem foram bem sucedidas 15 segundos após o toque do trem de aterragem no solo.
Um outro facto registado nas investigações ao acidente do avião da TAM foi que nem sempre o aviso "retard", que alerta os pilotos para os procedimentos a adoptar na aterragem, operou como previsto. "Ficou constatado que, no avião A320, é possível, durante a aterragem, posicionar uma das alavancas de potência na posição de reverso e outra na posição de aceleração sem que nenhum dispositivo alerte de forma eficiente os pilotos".
O relatório a que o jornal teve acesso diz ainda que a companhia aérea TAM utilizava para instrução dos pilotos apenas simulações em computador, o que não garante a boa formação individual.
É ainda destacada a pouca experiência dos pilotos.