Erupção do vulcão de Tonga causa impactos globais

por Carla Quirino - RTP
Imagem de satélite do "cogumelo" da erupção vulcânica CIRA/NOAA - Reuters

O vulcão subaquático em Tonga, no Pacífico Sul, voltou a registar uma "grande erupção", de acordo com o Centro Australiano de Observação de Cinzas Vulcânicas. Desde sábado que a violenta erupção de Hunga Tonga-Hunga Ha'apai desencadeou um tsunami e afetou a área do Pacífico, deste o Japão ao Peru e aos Estados Unidos. Foram emitidos vários alertas na região. Em Portugal, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera revelou que o tsunami provocou alterações no nível do mar nos Açores, na Madeira e na zona de Peniche.

O impacto da atividade do vulcão subaquático numa das ilhas desabitadas do arquipélago de Tonga, localizado a norte da Nova Zelândia, no Oceano Pacífico, revelam-se globais mas com diferentes intensidades.

A mais recente erupção do vulcão foi registada às 22h10 (hora de Lisboa), de acordo com a monitorização do Centro Australiano de Cinzas Vulcânicas.
Os dados foram confirmados pelo Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico, que diz ter registado "grandes ondas" na região, provavelmente associadas à atividade do vulcão no Pacífico Sul.
Portugal
Em Portugal alterações no nível do mar nos Açores, na Madeira e na zona de Peniche, divulgou no domingo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

"Os sinais atmosféricos da explosão foram registados pouco depois das 0h00 do dia 16 de janeiro de 2022, tendo nas horas seguintes sido observadas alterações no nível do mar. O sinal de maior amplitude, cerca de 40cm, foi registado em Ponta Delgada, Açores, tendo o fenómeno sido observado na ilha da Madeira (20 centímetros medidos no Funchal) e no Continente, aqui genericamente os valores foram inferiores a 20 cm com exceção de Peniche, onde foram medidos 39 cm", informa o IPMA na sua página da internet.

O IPMA explica que "a origem destes registos está relacionada com a onda de choque atmosférica resultante da explosão no vulcão, a qual se propagou pelo globo, gerando condições particulares sobre os oceanos que potenciam a geração de um tsunami, neste caso designado por meteo-tsunami de origem vulcânica".

"Este tsunami, gerado no oceano Pacifico, propagou-se pelos vários oceanos, incluindo o Atlântico, tendo-se observado variações do nível do mar em praticamente todas as estações maregráficas em operação na costa portuguesa, variações essas com amplitudes inferiores a meio metro”, sublinha o IPMA, acrescentando que "está a acompanhar o desenvolvimento da situação".
Oceano Pacífico. Dimensão dos estragos
"O tsunami teve um enorme impacto no litoral norte de Nuku’alofa", a capital de Tonga, mas não há registo de vítimas no arquipélago, afirmou no domingo a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern.

A Federação Internacional de Cruz Vermelha e Crescente Vermelho (IFRC) estima que pelo menos 80 mil pessoas tenham sido afetadas no arquipélago.

Katie Greenwood da IFRC das Fiji, citada na BBC, vincou que a ajuda é urgente: "Suspeitamos que possa haver pelo menos 80 mil pessoas em Tonga afetadas pela própria erupção ou pela onda de tsunami e inundação como resultado da erupção".

"Isto foi um choque para as pessoas, temos alguma preocupação com essas ilhas externas e estamos muito ansiosos para ouvir as pessoas", acrescentou Greenwood.

A atmosfera na região está coberta de cinza vulcânica, foram registados cortes de energia e falhas nas comunicações.

A erupção de sábado lançou uma nuvem de cinzas, gás e vapor para o céu que atingiu 20 quilómetros de altura. Provocou alertas de ondas de 1,2 metros que atingiu Tonga. A erupção foi tão violenta que pode ser ouvida na Nova Zelândia, a cerca de 2.383 quilómetros de Tonga.

O alto comissário interino da Nova Zelândia em Tonga, Peter Lund, descreveu como a nação insular parece "uma paisagem lunar depois de ter sido revestida por uma camada de cinzas vulcânicas".

A poeira estará a contaminar o abastecimento de água o que torna a água potável uma necessidade vital, disse Ardern, no domingo.

As autoridades deram instruções às pessoas para beberem água engarrafada e usarem máscara para proteger os pulmões.

A Força de Defesa da Nova Zelândia anunciou na rede Twitter o envio de aeronaves para "ajudar numa avaliação inicial do impacto da área e das ilhas baixas".

A internet e as linhas telefônicas de Tonga caíram, tornando os 105 mil habitantes da ilha quase totalmente inacessíveis.

Ardern declarou que a energia está a ser restaurada em algumas áreas da ilha e a rede de telemóvel já começou a funcionar lentamente.

A Força Aérea australiana também se associa à ajuda a Tonga e envia voos de vigilância e reconhecimento dos danos.

As áreas costeiras permanecem uma incógnita. Muitos tonganeses na Austrália e na Nova Zelândia estão receosos com a segurança de familiares e amigos porque não conseguem comunicação.

O pânico durante a fuga da população das zonas baixas provocaram engarrafamentos, mas as autoridades dizem não terem conhecimento de vitimas locais.

No Peru, de acordo com a agência France Presse, duas mulheres morreram numa praia, por causa de "ondas anormais" provocadas pelo vulcão, a mais de dez mil quilómetros.

Os cientistas aguardam os novos dados dos vários centros de monitorização para investigarem o que está na base destas violentas erupções e identificar a nova geografia da ilha.

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