Espanha avança com nove medidas contra "genocídio em Gaza e executores"
Espanha vai adotar de forma imediata nove medidas para tentar "travar o genocídio em Gaza e perseguir os seus executores", incluindo o embargo total e efetivo ao comércio de armas com Israel, anunciou hoje o primeiro-ministro, Pedro Sánchez. O chefe do executivo acusou Israel de "exterminar pessoas indefesas" ao bombardear hospitais e matando crianças inocentes à fome. Israel respondeu de imediato, acusando o governo espanhol de usar ataques contra o país para desviar a atenção das acusações de corrupção.
São "nove ações adicionais" às que Espanha tem tomado nos últimos dois anos, para "deter o genocídio em Gaza, perseguir os seus executores e apoiar a população palestiniana", disse Sánchez, numa declaração na sede do Governo espanhol, em Madrid.
“O que o primeiro-ministro Netanyahu apresentou em outubro de 2023 como uma operação militar em resposta aos horríveis ataques terroristas acabou por se tornar numa nova onda de ocupações ilegais e um ataque injustificável contra a população civil palestiniana — um ataque que o relator especial da ONU e a maioria dos especialistas já descrevem como um genocídio", garantiu.
"Isso não é defender-se; isso nem é atacar", disse ele. "É exterminar um povo indefeso. É violar todas as regras do direito humanitário."
Espanha já tinha tomado outras medidas, como o reconhecimento do Estado da Palestina, em maio de 2024.
A primeira medida será "a aprovação urgente" de um decreto-lei pelo Governo "que consolide juridicamente" o embargo de compra e venda de armas a Israel, estabelecendo, em concreto, "a proibição legal e permanente" de compra e venda de "armamento, munições e equipamento militar a Israel", disse, depois de sublinhar que Espanha já aplica "de facto" deste embargo desde outubro de 2023.
Entre as outras medidas anunciadas pelo líder do Governo de Espanha estão um reforço de apoios à Autoridades Palestiniana, à ajuda humanitária para Gaza ou à agência das Nações Unidas para os refugiados da Palestina (UNRWA), assim como proibição de entrada em Espanha "de todas aquelas pessoas que participem de forma direta no genocídio, na violação dos Direitos Humanos e nos crimes de guerra na Faixa de Gaza".
"Sabemos que estas medidas não serão suficientes para terminar a invasão e os crimes de guerra", admitiu Sánchez. "Mas esperamos que possa servir para aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Nertanyahu, para aliviar algum do sofrimento da população da Palestina e para que os espanhóis saibam que o seu país está do lado certo da História", referes.
Israel fala de ataque "anti-Israel e antissemita"
A apresentação de Sánchez provocou uma resposta imediata do governo israelita, que acusou o governo espanhol de empregar uma "retórica selvagem e odiosa" e de usar um "ataque contínuo anti-Israel e antissemita" para desviar a atenção das acusações de corrupção.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, anunciou que dois importantes políticos de esquerda espanhóis — a ministra do Trabalho e vice-primeira-ministra, Yolanda Díaz, e o ministro da Juventude, Sira Rego — seriam proibidos de entrar em Israel por causa de suas críticas à conduta de Israel em Gaza.
c/Lusa