Espanha. Removida última estátua de Franco em espaço público

por Carla Quirino - RTP
Jesus Blasco de Avellaneda - Reuters

A comunidade do pequeno território de Melilla, na costa noroeste de África, votou a favor da remoção da estátua do ditador, localizada numa das portas da cidade. Os votos contra vieram da extrema-direita espanhola, representada pelo Vox.

Entre correias, a estátua de Francisco Franco foi envolvida pelos braços e pescoço e retirada do pedestal. Elevada no ar, enquanto uma broca destruía a plataforma onde estava assente, a peça foi colocada numa camioneta e embalada em plástico.

Sem cerimónias, a decisão aprovada por votação na assembleia local foi concretizada na terça-feira.

  
Foto: Jesus Blasco de Avellaneda - Reuters

"Este é um dia histórico para Melilla", disse Elena Fernández Trevino, encarregada de Educação e Cultura no enclave de Melilla, citada pela agência Reuters. E acrescenta: "Aquela era a única estátua dedicada a um ditador ainda na esfera pública na Europa".

Esta estátua tinha sido colocada em Melilla três anos após a morte de Franco, em 1978. Assinalava o comando do ditador da Legião Espanhola na Guerra do Rife. Este conflito envolveu Espanha e França contra as tribos Berberes na região de Marrocos, durante os anos de 1920.

O Vox votou contra a proposta de remoção, sublinhando que a estátua aludia ao papel militar de Franco e não à ditadura. Por isso, o partido de extrema-direita contra-argumenta que a lei não se aplica a esta representação em Melilla.

Em 2007, Espanha aprovou a Lei de Memória Histórica, que definia a retirada de todos os símbolos associados ao regime de Franco.

Desde então, o Governo espanhol tem retirado de espaço público elementos referentes a Franco.


Foto: Jesus Blasco de Avellaneda - Reuters
 
Esta era
 última estátua do ditador, em solo espanhol, que ainda permanecia no pedestal.

O general Franco liderou a ditadura espanhola entre 1939 e 1975. Protagonizou um regime nacionalista, apoiado pela Alemanha nazi e Itália de Mussolini, que derrotou o Governo republicano durante a Guerra Civil Espanhola entre 1936-39. 

O conflito deixou um legado de mais de 30 mil mortos em combate ou civis assassinados, incluindo muitos portugueses que trabalhavam nos territórios fronteiriços.
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