Marine Le Pen, líder da União Nacional, disse hoje no parlamento francês que "não confia" no Governo de Elisabeth Borne, já visado por uma moção de censura da extrema-esquerda, que o considerou um executivo do "salve-se quem puder".
Esquerda e extrema-direita francesas sem confiança no Governo
Após o discurso da primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, em que foram apresentadas as linhas gerais das prioridades do seu Governo para o país, a oposição mostrou o seu descontentamento por não ter sido pedido um voto de confiança aos deputados.
O partido do Presidente Emmanuel Macron detém apenas uma maioria relativa no hemiciclo e a rejeição do voto de confiança teria levado à demissão do executivo.
"É-lhe impossível hoje solicitar um voto de confiança e eu ouso dizer que até fez bem porque nós não temos nenhuma confiança no vosso Governo", disse Marine Le Pen, deputada e líder do maior partido da oposição, a União Nacional.
Já a extrema-esquerda apresentou hoje uma moção de censura ao Governo, com Mathilde Panot, a líder da França Insubmissa, partido com mais deputados na Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), a acusar o Governo, que tomou posse na segunda-feira, de já estar em "decomposição".
"Acabou de confessar a sua fraqueza. Escolheu uma fuga, a sua estratégia é uma estratégia do salve-se quem puder. O vosso poder já está em decomposição", acusou a deputada.
A direita, quarta maior força na Assembleia Nacional, disse que não se vai perder em "bloqueios inférteis" face a um Governo que esteja disposto a fazer concessões nas suas principais medidas.
"Faremos tudo para os próximos anos sejam mais úteis à nação do que foram os últimos 10 anos", garantiu Olivier Marleix, líder d`Os Republicanos, criticando não só Macron, mas também a governação de François Hollande.
Os socialistas deixaram claro que o executivo não pode contar com eles para levar a cabo "projetos liberais".
"Os franceses não confiam em vós nem no Presidente da República e muito menos querem o seu programa. Senhora primeira-ministra, nós não nos juntamos a vós para levar a cabo um programa de projetos liberais que não são os nossos. Não foi para isso que fomos eleitos", frisou Boris Vallaud, líder do grupo do Partido Socialista na Assembleia Nacional.
A moção de censura deverá ser votada na sexta-feira à tarde ou segunda-feira, sendo necessários 289 deputados para a aprovar e provocar a demissão do Governo. No entanto, tanto a direita como a extrema-direita já disseram que não vão votar a favor desta medida, inviabilizando assim a iniciativa da esquerda francesa.