Estado da União. Europa vai enfrentar um "teste de carácter" no combate à Covid-19

por Alexandre Brito - RTP
Reuters

O próximo ano vai ser um "teste de carácter" à União Europeia no combate à pandemia da Covid-19. No discurso do Estado da União, a Presidente da Comissão Europeia voltou a recordar que estamos numa "maratona". E alertou para sinais de divergência entre os Estados-membros.

"A pandemia é uma maratona, não é um sprint", disse Ursula von der Leyen no Parlamento Europeu em Estrasburgo.

Com um discurso inicial muito centrado no combate ao vírus, a Presidente da Comissão Europeia destacou o trabalho que tem sido feito na União Europeia, em particular na aceitação e administração de vacinas.

Mas logo alertou para as divergências entre os Estados-membros sobre a vacinação. "Vemos divergências preocupantes entre os Estados-membros no que respeita às taxas de vacinação e por isso precisamos de manter o ímpeto".

"Temos 1,8 mil milhões de doses adicionais asseguradas, o que é suficiente para nós e para a nossa vizinhança e ainda para se forem necessárias vacinas de reforço", disse.

No topo das prioridades no combate à Covid-19, a Presidente da Comissão Europeia colocou a aceleração do processo de vacinação no mundo. Nesse sentido, von der Leyen anunciou que a União Europeia vai doar mais 200 milhões de doses até meados do próximo ano. 

"Vamos nos certificar de que isto não se transforme numa pandemia das pessoas não vacinadas", afirmou.

"A minha primeira prioridade é acelerar a vacinação nos países de baixo rendimento. Posso anunciar hoje que a Comissão vai acrescentar uma nova doação de mais 200 milhões de doses até meados do próximo ano. Trata-se de um investimento na solidariedade e é um investimento também na saúde global", salientou, perante os eurodeputados.

Estes 200 milhões de doses acrescem a 700 milhões que a UE já entregou a mais de 130 países.


Anunciou também uma verba de 50 mil milhões até 2027 para a preparação e resiliência sanitária na UE.

Sobre outros temas, para além da pandemia, destaque para o digital, central no desenvolvimento da União, disse. 

Von der Leyen realçou também a produção de chips, que muito tem afetado a indústria mundial devido à escassez. A Presidente da Comissão Europeia falou sobre a necessidades de coordenação ao nível europeu para ser criado um ecossistema de última geração de chips, incluindo a produção. O objetivo, aqui, é que a União Europeia seja líder mundial, afirmou.

Ambiente e segurança foram temas também abordados pela Presidente da Comissão, que disse que vão ser duplicados os fundos europeus para a biodiversidade, em particular para os países mais vulneráveis, e anunciou que estava a trabalhar com a NATO para ser assinada um nova declaração UE-NATO.

Já sobre as relações com os EUA, von der Leyen afirmou que os dois países serão sempre mais fortes juntos. "Com os Estados Unidos, desenvolveremos a nossa nova agenda para a mudança global, desde o novo conselho de comércio e tecnologia até à saúde, segurança e sustentabilidade", disse.

Sobre uma força militar comum, que muito se tem falado nos últimos tempos, em particular devido ao que aconteceu no Afeganistão e à fraca reação da UE, von der Leyen disse que o bloco tem que ter capacidade para intervir militarmente sem a ajuda dos EUA.

"O tema fundamental aqui é: por que é que (esta ideia) não resultou no passado. Podemos ter as melhores forças do mundo, mas se nunca estamos preparados para as usar, para que servem? O que nos tem impedido até agora", afirmou a Presidente da Comissão, "não é apenas falta de capacidade é falta de vontade política".

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