Estado de Pernambuco tem mais para oferecer do que sol e praia (C/fotos)

** Marta Clemente, da Agência Lusa **

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Recife, Brasil, 30 Mar (Lusa) - Mais do que sol e praia, o Estado de Pernambuco tem também para oferecer zonas mais áridas e rochosas, com montes e vales, onde arrefece de noite e há uma variada oferta cultural, religiosa e gastronómica.

Interessado em divulgar esse outro lado pernambucano, a Secretaria de Turismo de Pernambuco criou a rota turística Luiz Gonzaga - mestre da música brasileira - para promover o interior do Estado.

Uma das primeiras paragens é o município de Brejo da Madre de Deus, na região do Agreste, cuja formação rochosa, chão árido e clima fresco contrasta com as zonas mais conhecidas de Recife ou Porto de Galinhas, no litoral.

Cidade conhecida pelo seu cariz religioso, com igrejas, catedrais e festas religiosas, Brejo da Madre de Deus tem o seu "ex libris" na peça "Paixão de Cristo", que se realiza anualmente durante a Semana Santa, ao ar livre, naquela que é considerada a maior cidade-teatro do mundo - Nova Jerusalém.

Milhares de pessoas visitam anualmente Nova Jerusalém para assistir à peça, interpretada por actores brasileiros de renome.

Há também a destacar, no centro de Brejo da Madre de Deus, o casario colonial com fachadas em azulejos portugueses do final do século XVIII e início do século XIX e o museu da história local, que tem também as paredes revestidas a azulejo.

A alguns quilómetros de Brejo da Madre de Deus encontra-se Caruaru, conhecida como a "Princesa do Agreste" e a maior cidade do Agreste pernambucano.

Com cerca de 300 mil habitantes, Caruaru é uma cidade essencialmente comercial e é a terra de muitos músicos, escritores, poetas e artesãos.

Por isso mesmo, tem um cariz cultural muito grande, destacando-se a comunidade de artistas Alto do Moura, considerado pela UNESCO como o maior Centro de Artes Figurativas do Mundo.

A sete quilómetros do centro de Caruaru, o alto do Moura concentra centenas de artesãos que moldam em barro o dia-a-dia do homem pernambucano.

Também muito conhecida é a Casa Museu Mestre Vitalino, um conceituado ceramista brasileiro e o artesão mais famoso daquela cidade que abordava cenas do quotidiano rural do Agreste através dos bonecos que modelava.

Caruaru é também palco da maior feira de rua do Brasil, onde se pode encontrar desde artesanato, a perfumes, fruta, electrodomésticos, materiais electrónicos, relógios, carne, roupas, sapatos, malas, bijutaria, farinhas, queijos e mesmo animais vivos.

A "Princesa do Agreste" reivindica ainda para si o título de "capital do forró", música típica brasileira, e garante que tem também a maior festa popular em dias consecutivos do Brasil: o São João de Caruaru celebra-se durante 30 dias.

A caminho da capital do Estado, Recife, encontramos a cidade de Gravatá que tem a particular característica de ostentar influências europeias, levadas pelos imigrantes que acolheu e que são visíveis em algumas construções e na gastronomia.

É normal encontrar-se nas ementas dos restaurantes pizzas, massas italianas e fondue.

Conforme nos aproximamos do litoral pernambucano, a paisagem vai mudando: o verde seco passa para uma tonalidade mais viva e os terrenos rochosos e áridos são substituídos por dezenas de quilómetros de plantações de cana-de-açúcar.

De chegada a Recife, conhecida como a Veneza brasileira pelas cerca de 40 pontes que ligam vários pontos da cidade, destaca-se o ritmo de uma cidade grande, com o trânsito, os vendedores de fruta à espera que o semáforo fique vermelho e a praia.

Mas Recife tem também a Oficina Cerâmica de Francisco Brennand, um dos maiores artistas plásticos de Pernambuco e do Brasil.

Construída nas ruínas da velha fábrica de cerâmica da família do artista, a Oficina ocupa um imenso espaço exterior onde tem uma capela com paredes de vidro reconstruída recentemente, um templo central e várias obras espalhadas pela relva.

No interior estão expostas inúmeras peças de Francisco Brennand, onde dominam as serpentes, o Homem e a Mulher, seios femininos, o falo, ovos e figuras históricas como a Joana D`Arc, estando também presentes objectos de cozinha como cafeteiras e chaleiras, painéis, mosaicos e azulejos.

A Rota Luiz Gonzaga termina na cidade Património da Humanidade de Olinda, colada a Recife, que transpira a Portugal em cada rua.

Com 350 mil habitantes, as ruas de Olinda são forradas a pedras de calçada (um pouco maiores do que a portuguesa) e decoradas com casas de construção portuguesa, baixas e estreitas, cada uma da sua cor e quase todas com um "quintal" nas traseiras.

Reza a lenda que os portugueses faziam as casas estreitas para pagarem menos imposto sobre imóveis, que era calculado conforme a largura das habitações.

Também de arquitectura portuguesa são as várias igrejas espalhadas por Olinda e os azulejos que revestem alguns edifícios.

De destacar ainda que, tal como na paisagem, também a gastronomia vai tornando-se "mais seca" à medida que se avança para o interior pernambucano.

Exemplo disso são pratos como a carne de sol, galinha de cabidela, sarapatel, rabada, a farinha e o feijão sem molho.

No litoral imperam os frutos do mar como lagosta, camarão, peixes, mariscos, caranguejos, guaiamum, polvo e ostras e todos os pratos têm molhos.

Buchada nordestina, carne de sol e o pirão são alguns dos pratos tradicionais do estado de Pernambuco.

Para sobremesas, os pernambucanos servem a famosa cartola (banana frita com queijo manteiga regadas com canela e açucar), queijo de coalho assado com mel, baba-de-moça, pudim de pão, cocada e rapadura, entre outros.

É de realçar ainda a variedade de frutas, de todas as cores e tamanhos, que se encontram em Pernambuco.

Coco, manga, sapoti, abacate, caju, banana, pinha, goiaba, cajá, umbu, pitanga, umbucajá, araçá, abacaxi, mangaba, jaca, laranja, graviola, acerola, jabuticaba, tamarindo e jambo são alguns dos frutos.

Lusa/Fim


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