Estados Unidos e Índia forjam "relação estratégica"

por RTP
O périplo asiático do Presidente dos Estados Unidos abarca ainda a Indonésia, a Coreia do Sul e o Japão Harish Tyagi, EPA

O Presidente norte-americano comprometeu-se hoje, em Nova Deli, a tratar a Índia como uma “potência mundial”, obtendo do primeiro-ministro indiano a garantia de que não é política do país “roubar empregos à América”. Barack Obama ofereceu a Manmoham Singh a ajuda dos EUA nos diferendos regionais mais quentes, desde logo na questão de Caxemira, que opõe indianos e paquistaneses desde 1947. Mas sem “impor uma solução”.

“Definir o século” é o desígnio ambicioso traçado a partir de Nova Deli pelo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pelo seu anfitrião, o primeiro-ministro Manmoham Singh. No terceiro e último dia da sua visita à “maior democracia do Mundo”, Obama definiu assim o alcance dos acordos de cooperação assinados com o Governo indiano – um pacote de dez mil milhões de dólares que abrange os domínios da exploração espacial, da economia, do comércio e da defesa.

Quanto às tensões regionais, a Administração Obama está disponível para ajudar indianos e paquistaneses a atenuar as fricções históricas a propósito de Caxemira, um território de maioria muçulmana com aspirações à independência ou à integração na esfera de soberania de Islamabad. Mas apenas se “as partes” o pedirem. Os Estados Unidos, ressalvou o Presidente norte-americano ao lado de Manmoham Singh, “não podem impor uma solução para estes problemas”. Não podem, em suma, perturbar uma sensível malha de alianças regionais que, a esfumar-se, poderia deitar por terra o edifício da estratégia militar norte-americana.

Da mesma forma, a resposta do interlocutor indiano de Obama acrescentou pouco ao dossier do braço-de-ferro ancestral entre as duas potências nucleares da Ásia Meridional. Segundo Manmoham Singh, um Paquistão governado por moderados vai ao encontro dos interesses da Índia e de toda a região. O problema, contrapôs o primeiro-ministro indiano, é que Nova Deli não pode contemplar a possibilidade de se sentar à mesma mesa com Islamabad enquanto a “máquina de terrorismo” do Paquistão “continuar activa como sempre”.

Índia “já emergiu”
Outra das iniciativas semeadas pela missão indiana de Barack Obama prende-se com o reforço da cooperação entre os serviços secretos e os departamentos de segurança interna dos dois países para melhorar as condições de segurança em infra-estruturas portuárias e aeroportuárias e nas fronteiras terrestres. Se Obama garantiu que Washington vai continuar a partilhar informações, Singh anunciou o estabelecimento de novas estruturas institucionais para concentrar atenções no tema da proliferação nuclear.

Mas é no plano das relações económicas e comerciais que a visita do Presidente norte-americano ganha maior significado. No sábado, em Bombaim, Barack Obama deixara uma primeira nota sobre a necessária aproximação a um país que, em solo dos Estados Unidos, é cada vez mais encarado como um pólo aglutinador de emprego deslocalizado. Esta segunda-feira, enquanto respondia a perguntas dos jornalistas, redobrou o exercício de elogio: “Não creio que a Índia esteja a emergir. Já emergiu”.

Consciente da sensibilidade do tema, Manmoham Singh afirmou que o seu país não está apostado em “roubar postos de trabalho à América”. Estados Unidos e Índia, insistiu, estão agora empenhados em “acelerar o aprofundamento dos laços para trabalhar como parceiros iguais numa relação estratégica”.
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