Mundo
Estados Unidos preparam opção militar para a Síria
Os inspetores internacionais ainda não concluíram a investigação ao eventual uso de armas químicas na Síria, mas tudo indica que os Estados Unidos já têm opinião formada. O secretário de Estado John Kerry diz que há provas “indesmentíveis” de um ataque químico nos arredores de Damasco e afirma que “todas as provas” apontam para a responsabilidade do regime de Bashar al-Assad no massacre. Nas últimas horas, Barack Obama desdobrou-se em contactos com aliados e conta já com um grupo de países europeus e muçulmanos dispostos a apoiar uma intervenção militar. Sem o apoio da ONU.
O ataque que ocorreu na semana passada em Ghouta, nos subúrbios de Damasco, matou pelo menos 355 pessoas, muitas das quais crianças. A organização Médicos sem Fronteiras diz ter tratado cerca de 3600 pacientes que evidenciavam “sintomas neurotóxicos”. A oposição síria fala mesmo em 1300 mortes, mas este número não tem confirmação independente.
Governo sírio e rebeldes acusam-se mutuamente da autoria do massacre e uma equipa de investigadores da ONU está desde segunda-feira no local para reunir provas que confirmem ou desmintam um eventual ataque químico.
Washington não tem dúvidas
Washington não parece disposta a esperar pelas conclusões dos inspetores internacionais. O secretário de Estado John Kerry diz que os EUA dispõem de informações adicionais sobre os ataques que será tornada pública nos próximos dias.
O responsável pela diplomacia norte-americana afirmou ontem que não há quaisquer dúvidas que o ataque foi de natureza química.
“Foram usadas armas químicas na Síria. É indesmentível. O que vimos na semana passada na Síria choca a consciência mundial. Desafia todos os códigos de moralidade. O massacre cego de civis, a matança de mulheres e crianças e de espetadores inocentes com recurso a armas químicas é moralmente indecente”, disse.
"Responsáveis devem prestar contas"
“O Presidente Obama pensa que queles que recorrem às armas mais atrozes contra as populações mais vulneráveis do planeta devem prestar contas”, acrescentou Kerry.
O secretário de Estado não chegou a acusar explicitamente o governo sírio da autoria do massacre, mas as suas palavras não deixam dúvidas sobre a opinião da Administração americana.
“Sabemos que o regime sírio mantém a custódia destas armas. Sabemos que o regime sírio tem capacidade de fazer isto [o ataque] com mísseis. Sabemos que o regime tem estado determinado em obliterar a oposição destes mesmos locais onde os ataques ocorreram”, disse.
Segundo o secretário de Estado, a Síria tem estado “sistematicamente a destruir provas” do ataque da semana passada, nomeadamente ao bombardear repetidamente a área onde os mesmo tiveram lugar.
Consultas com os aliados
Segundo John Kerry, a Administração Obama está neste momento a ponderar a forma de responder aos ataques, em conversações com os aliados dos EUA e com membros do congresso.
Apesar de Kerry ter garantido que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre as medidas a tomar, tudo parece indicar que a opção escolhida passará por algum tipo de intervenção militar limitada contra o regime de Bashar al-Assad.
Os Estados Unidos sabem que uma intervenção desse tipo nunca terá o apoio do Conselho de Segurança da ONU, desde logo por causa da oposição da Rússia, aliada de Damasco e membro permanente do Conselho com direito de veto.
O governo de Obama parece estar a seguir o mesmo guião que já foi usado por administrações anteriores, nomeadamente no Iraque. O presidente passou o fim de semana em consultas com os aliados para construir uma coligação internacional suficientemente ampla, que confira legitimidade ao emprego da força militar.
Washington conta já com o apoio de um grupo dos seus principais aliados europeus e da Turquia, bem como o de alguns países árabes. Segundo o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, há mais 36 ou 37 países que discutem atualmente a possibilidade de apoiar essa coligação internacional.
França e Grã-Bretanha a favor
A França e a Grã-Bretanha estão entre os países que já deram luz verde. O ministro francês dos Negócios Estrangeiros admitiu que a falta de apoio do Conselho de Segurança representa um problema, mas que “em determinadas circunstâncias” pode evitar-se a autoridade dessa instituição. Segundo Laurent Fabius, “a única opção que se pode descartar neste momento é a de não fazer nada”.
O responsável pela diplomacia britânica, William Hague, pronunciou-se no mesmo sentido: “Nós, os Estados Unidos e muitos outros países, incluindo a França, estamos de acordo em que não se pode permitir no século XX que se usem, impunemente, armas químicas”.
Ataques de mísseis são a opção mais provável
A hipótese mais provável passa por ataques com mísseis de cruzeiro realizados a partir de navios americanos posicionados perto da área. Os alvos seriam os centros de decisão do regime e as instalações do exército sírio, nomeadamente as infraestruturas utilizadas para a guerra e os meios para a utilização de gases tóxicos.
Não está também posto de parte outro cenário, que passa pelo uso de aviões de combate, o que, para ser possível, implicaria a destruição dos sistemas de radar e de defesa antiaérea da Síria.
A maior parte do analistas políticos e militares admite que a eficácia de uma ação deste género é, no mínimo, incerta e que dará lugar a uma grande número de problemas militares e políticos, numa região tão volátil como Médio Oriente.
O envolvimento do Hezbollah libanês, que combate ao lado de Assad e é aliado do Irão, faz temer um alastrar do conflito a Israel e a outros países das imediações, com a consequente instabilidade global que isso provocaria.
Governo sírio e rebeldes acusam-se mutuamente da autoria do massacre e uma equipa de investigadores da ONU está desde segunda-feira no local para reunir provas que confirmem ou desmintam um eventual ataque químico.
Washington não tem dúvidas
Washington não parece disposta a esperar pelas conclusões dos inspetores internacionais. O secretário de Estado John Kerry diz que os EUA dispõem de informações adicionais sobre os ataques que será tornada pública nos próximos dias.
O responsável pela diplomacia norte-americana afirmou ontem que não há quaisquer dúvidas que o ataque foi de natureza química.
“Foram usadas armas químicas na Síria. É indesmentível. O que vimos na semana passada na Síria choca a consciência mundial. Desafia todos os códigos de moralidade. O massacre cego de civis, a matança de mulheres e crianças e de espetadores inocentes com recurso a armas químicas é moralmente indecente”, disse.
"Responsáveis devem prestar contas"
“O Presidente Obama pensa que queles que recorrem às armas mais atrozes contra as populações mais vulneráveis do planeta devem prestar contas”, acrescentou Kerry.
O secretário de Estado não chegou a acusar explicitamente o governo sírio da autoria do massacre, mas as suas palavras não deixam dúvidas sobre a opinião da Administração americana.
“Sabemos que o regime sírio mantém a custódia destas armas. Sabemos que o regime sírio tem capacidade de fazer isto [o ataque] com mísseis. Sabemos que o regime tem estado determinado em obliterar a oposição destes mesmos locais onde os ataques ocorreram”, disse.
Segundo o secretário de Estado, a Síria tem estado “sistematicamente a destruir provas” do ataque da semana passada, nomeadamente ao bombardear repetidamente a área onde os mesmo tiveram lugar.
Consultas com os aliados
Segundo John Kerry, a Administração Obama está neste momento a ponderar a forma de responder aos ataques, em conversações com os aliados dos EUA e com membros do congresso.
Apesar de Kerry ter garantido que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre as medidas a tomar, tudo parece indicar que a opção escolhida passará por algum tipo de intervenção militar limitada contra o regime de Bashar al-Assad.
Os Estados Unidos sabem que uma intervenção desse tipo nunca terá o apoio do Conselho de Segurança da ONU, desde logo por causa da oposição da Rússia, aliada de Damasco e membro permanente do Conselho com direito de veto.
O governo de Obama parece estar a seguir o mesmo guião que já foi usado por administrações anteriores, nomeadamente no Iraque. O presidente passou o fim de semana em consultas com os aliados para construir uma coligação internacional suficientemente ampla, que confira legitimidade ao emprego da força militar.
Washington conta já com o apoio de um grupo dos seus principais aliados europeus e da Turquia, bem como o de alguns países árabes. Segundo o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, há mais 36 ou 37 países que discutem atualmente a possibilidade de apoiar essa coligação internacional.
França e Grã-Bretanha a favor
A França e a Grã-Bretanha estão entre os países que já deram luz verde. O ministro francês dos Negócios Estrangeiros admitiu que a falta de apoio do Conselho de Segurança representa um problema, mas que “em determinadas circunstâncias” pode evitar-se a autoridade dessa instituição. Segundo Laurent Fabius, “a única opção que se pode descartar neste momento é a de não fazer nada”.
O responsável pela diplomacia britânica, William Hague, pronunciou-se no mesmo sentido: “Nós, os Estados Unidos e muitos outros países, incluindo a França, estamos de acordo em que não se pode permitir no século XX que se usem, impunemente, armas químicas”.
Ataques de mísseis são a opção mais provável
A hipótese mais provável passa por ataques com mísseis de cruzeiro realizados a partir de navios americanos posicionados perto da área. Os alvos seriam os centros de decisão do regime e as instalações do exército sírio, nomeadamente as infraestruturas utilizadas para a guerra e os meios para a utilização de gases tóxicos.
Não está também posto de parte outro cenário, que passa pelo uso de aviões de combate, o que, para ser possível, implicaria a destruição dos sistemas de radar e de defesa antiaérea da Síria.
A maior parte do analistas políticos e militares admite que a eficácia de uma ação deste género é, no mínimo, incerta e que dará lugar a uma grande número de problemas militares e políticos, numa região tão volátil como Médio Oriente.
O envolvimento do Hezbollah libanês, que combate ao lado de Assad e é aliado do Irão, faz temer um alastrar do conflito a Israel e a outros países das imediações, com a consequente instabilidade global que isso provocaria.