Estados Unidos testam míssil hipersónico com sucesso

por Carla Quirino - RTP
Força Aérea dos Estados Unidos

A Força Aérea norte-americana diz ter realizado um teste bem sucedido de uma arma hipersónica, que voou a cinco vezes a velocidade do som. A aposta neste tipo de mísseis está a captar os aliados dos Estados Unidos, que pretendem trabalhar em projetos conjuntos. A Rússia foi o primeiro país a lançar este armamento contra alvos ucranianos.

A velocidade e a manobrabilidade das armas hipersónicas tornam-nas difíceis de seguir e intercetar. A velocidade é importante, pois ao dar menor alarme durante um ataque reduz-se o tempo de reação por parte do adversário. Estas características encaixam nas estratégias de defesa e ataque das superpotências.

Em comunicado, a Força Aérea dos Estados Unidos anunciou a realização de um teste com sucesso de uma arma que ultrapassou a velocidade do som em cinco vezes. A velocidade do som no ar corresponde a cerca de 1.234,8 quilómetros por hora e esta arma atingirá pelo menos 6.174 km/hora.

O ensaio decorreu durante o passado sábado na costa do sul da Califórnia. A arma foi lançada a partir de um bombardeiro B-52.

"Após a separação da aeronave, o propulsor do ARRW acendeu e queimou na duração esperada, atingindo velocidades hipersónicas cinco vezes superiores à velocidade do som", de acordo com o documento.


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"Esta foi uma grande conquista da equipa ARRW, para a empresa de armamento e para a nossa Força Aérea", sublinhou o brigadeiro-general Heath Collins, oficial executivo do programa de armas da Força Aérea. Isto depois de três testes anteriormente falhados.

O míssil ARRW ou AGM-183A foi fabricado pela Lockheed Martin, elevando para três o número de armas hipersónicas ensaiadas pelos EUA.
Armas e mais armas
O Pentágono empenhou-se no desenvolvimento de armas hipersónicas depois de os legisladores terem reconhecido que os Estados Unidos estavam a perder fôlego relativamente aos programas chinês e russo.

Washington afirma que a China testou com sucesso uma arma hipersónica que orbitava o globo antes de atingir o alvo. No universo do armamento, também Moscovo surge na dianteira, tendo já disparado vários mísseis hipersónicos contra alvos ucranianos, desde o início da invasão do país vizinho, a 24 de fevereiro.

Já se abateram sobre a cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, diversos mísseis hipersónicos terra-ar Kinzhal ou Dagger, como também são conhecidos. A Rússia tornou-se na primeira nação a usar armas hipersónicas em cenário de guerra e afirma que o Kinzhal viaja a dez vezes a velocidade do som. O Pentágono diz que a Rússia usou entre dez e 12 armas hipersónicas desde o início do conflito.

Há um mês, os norte-americanos haviam anunciado que o programa ARRW sofrera atrasos por causa de "anomalias recentes nos testes de voo".

"O programa não teve sucesso nas investigações e desenvolvimento até agora", disse o secretário da Força Aérea, Frank Kendall, ao subcomité  de Apropriações de Defesa, na Câmara dos Representantes. "Queremos ver a prova do sucesso antes de tomarmos a decisão sobre o compromisso com a produção. Vamos esperar para ver", acrescentou.

Uma outra arma foi testada pelos norte americanos em meados de março. O ensaio do "Conceito de Arma Hipersónica de Respiração Aérea" (HAWC) foi bem sucedido, mas terá sido mantido em sigilo para evitar tensões crescentes com a Rússia, no momento em que o presidente Joe Biden se preparava para se deslocar à Europa.

A aliança AUKUS liderada por Washington, que também inclui o Reino Unido e a Austrália, tem planos para o desenvolvimento conjunto de armas de alta velocidade.
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