EUA acusam Irão por ter sabotado petroleiros "quase" de certeza

por RTP
Joshua Roberts, Reuters

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, acusou o Irão de envolvimento por ter, alegadamente, sabotado quatro petroleiros ao largo dos Emirados Árabes Unidos há duas semanas. Mas acusação vinha acompanhada de restrições: "quase" de certeza, ou "muito provavelmente".

Numa conferência de imprensa hoje realizada em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, Boltou afirmou que o Irão estava "muito provavelmente" envolvido nas explosões que danificaram os petroleiros e que "quase de certeza" foram minas navais iranianas a provocarem essas explosões. Bolton não forneceu provas da sua acusação, que de certo modo retomava a do Pentágono, poucos dias após as explosões, apontando um dedo acusador aos "Guardas Revolucionários" do Irão.

O MNE iraniano tinha, por seu lado, pedido mais informação sobre os incidentes registados ao largo da costa dos Emirados, aventando a hipótese de se tratar de uma encenação para precipitar um conflito militar com o Irão. Aludia desse modo ao incidente do Golfo de Tonquim, encenado pelos Estados Unidos para justificar o lançamento de uma campanha militar no Vietname.

O comunicado na altura emitido pelos Emirados referia que quatro petroleiros - dos próprios Emirados, da Arábia Saudita e da Noruega - tinham sofrido acções de sabotagem. Mas permanece ainda hoje um mistério que danos pessoais ou materiais os navios possam ter sofrido.

Entretanto, o diário norte-americano New York Times refere um crescente mal-estar entre o presidente Donald Trump e o seu conselheiro de Segurança Nacional (CSN), cujas intervenções seriam vistas com apreensão pelo inquilino da Casa Branca. As divergências entre ambos já não estão apenas localizadas na tensão com o Irão, mas também com a Coreia do Norte.

A manifestação mais gráfica dessas divergências veio a público durante a recente visita de Trump ao Japão. Aí afirmou o presidente, ao contrário do seu CSN, não procura obter uma mudança de regime no Irão, nem considera que os recentes testes balísticos da Coreia do Norte violem alguma resolução norte-americana.

Quase simultaneamente, Trump aludia também a Bolton, dizendo no Twitter: “A Coreia do Norte disparou algumas pequenas armas, e isso incomodou alguma da minha gente, e outros, mas não me incomodou a mim".

O mesmo NYT cita uma conversa privada em que Trump afirmou: "Se dependesse de John [Bolton], nós estaríamos agora metidos em quatro guerras".




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