A submissão do taliban era um desejo de Washington desde há década e meia, mas um dos principais generais norte-americanos recentemente destacado para a região veio admitir que a vitória sobre o grupo extremista é uma impossibilidade.
O nó sobre as forças taliban foi aliviado e, desde 2004, pacientemente, os taliban reagruparam e recuperaram força, não sendo portanto totalmente inesperada a admissão de um total impasse do general Austin Scott Miller, que desde Setembro lidera as operações da NATO e dos Estados Unidos no Afeganistão e na região.
Não é uma situação nova naquelas latitudes. Já antes, a União Soviética se confrontara com a resistência dos mudjahidin, ajudados pelos serviços secretos norte-americanos e paquistaneses. São também conhecidas as dificuldades sentidas pelos ingleses que procuraram o controlo sobre os afegãos – num confronto com os russos pelo poder no tabuleiro asiático – ainda no século XIX.
No advento de uma mesma conclusão, da impossibilidade de submeter os rebeldes afegãos, o general Austin Scott Miller estima que o ânimo dos taliban, igualmente esgotados por 17 anos de confrontos, possa estar também virado para o início “do trabalho no campo político”.
É uma conclusão que ignora as declarações de um dos principais comandantes militares dos taliban, que, à Russia Today, negou que o líder do grupo esteja para já aberto a qualquer tipo de negociação com os americanos.
Trata-se eventualmente da tentativa de capitalizar uma momentânea posição de superioridade, já que os taliban têm desferido golpe atrás de golpe ao exército afegão – mais de mil baixas mortais só nos meses de Agosto e Setembro. O próprio general Austin Scott Miller escapou por pouco a um ataque taliban em Kandahar no mês passado.
Feitas as contas, o governo afegão controla apenas metade dos cerca de 400 distritos do país.