EUA associam vacina da Janssen e a síndrome de Guillain-Barré
Os Estados Unidos preparam-se para alertar para uma ligação entre a vacina contra a Covid-19 da Janssen e a síndrome de Guillain-Barré. De acordo com a imprensa norte-americana, foram identificados 100 casos desta síndrome em quase 13 milhões de doses de vacinas da Janssen administradas no país.
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença rara do sistema imunitário que causa inflamação dos nervos e pode levar à dor, dormência, fraqueza muscular e dificuldade em andar. Geralmente, os sintomas costumam passar após algumas semanas, mas em alguns casos podem provocar danos permanentes.
O aviso ainda foi oficializado, mas tudo indica que será emitido esta terça-feira pela Food and Drug Administration (FDA), a agência governamental responsável pela aprovação da utilização de novos medicamentos, vacinas e outros produtos relacionados com a saúde pública.
De acordo com o jornal The New York Times, que cita fontes familiarizadas com o assunto, a FDA concluiu que as pessoas que receberam a vacina da Janssen, subsidiária da multinacional americana Johnson & Johnson, têm três a cinco vezes mais probabilidades de desenvolver a síndrome de Guillain-Baré.
Das quase 13 milhões de pessoas que receberam a vacina da Janssen nos Estados Unidos, 100 desenvolveram sintomas, adianta ainda o jornal. Desta centena de pessoas, 95 foram hospitalizadas e uma morreu.
A maioria das pessoas afetadas começou a apresentar sintomas duas semanas após a imunização e, na maioria dos casos, o perfil corresponde a homens com mais de 50 anos.
De acordo com o New York Times, costuma haver entre 3.000 a 6.000 casos desta síndrome todos os anos nos Estados Unidos.
Não há até ao momento dados que evidenciem um padrão semelhante entre aqueles que receberam a vacina contra a covid-19 da Moderna ou Pfizer.
De recordar que a vacina da Janssen, de dose única, já tinha sofrido um contratempo em abril, quando as autoridades norte-americanas interromperam a sua distribuição, após seis casos de trombose cerebral terem sido detetados em mulheres com menos de 48 anos que tinham sido inoculadas, uma das quais morreu.
No entanto, esta associação à síndrome de Guillain-Barré não é exclusiva à vacina contra a Covid-19. Por exemplo, a vacina da gripe está associada a um ou dois casos adcionais por cada milhão de vacinas administradas.
Não obstante esta ligação a uma síndrome rara, prestes a ser oficializada pela FDA, os especialistas continuam a defender a inoculação perante os riscos da Covid-19. Nos Estados Unidos, a grande maioria das hospitalizações e mortes a ocorrer neste momento visam pessoas que não foram vacinadas.
"Tudo acarreta riscos. E a chave para o processo de tomada de uma decisão é otimizar os benefícios e reduzir os riscos. A Covid é uma doença bastante desagradável, que matou 600 mil pessoas", sublinhou Daniel Salmon, diretor do Instituto de Segurança de Vacinas da Universidade Johns Hopkins.
c/ Lusa