EUA bombardeiam combatentes pró-Irão na Síria em resposta a ataque com drone

por Carla Quirino - RTP
Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin Michael A. McCoy - Reuters

Um empreiteiro morreu e outras seis pessoas ficaram feridas, entre as quais cinco soldados norte-americanos, após um ataque com um drone a uma base militar comandada pelos Estados Unidos em solo sírio, adiantou na última noite o Pentágono. As forças norte-americanas retaliaram, atingindo grupos conotados com a Guarda Revolucionária do Irão no leste da Síria.

Na noite de quinta-feira, os EUA desferiram diversos ataques de precisão na cidade oriental de Deir Az-Zor. Foram abatidos pelo menos seis combatentes alegadamente apoiados pelo Irão.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, estrutura com sede em Londres, a retaliação norte-americana matou outros dois outros atiradores num posto perto da cidade de Mayadeen. Um outro ataque ordenado pelo Pentágono atingiu um posto militar perto da cidade de Boukamal, ao longo da fronteira com o Iraque.

“Os ataques dos EUA atingiram depósitos de armas dentro da cidade de Deir Az-zor, matando seis combatentes pró-Irão, e dois outros combatentes foram mortos por ataques direcionados ao deserto de Mayadine e perto de al-Boukamal”, informou o Observatório, citado pelo diário britânico The Guardian.

A Guarda Revolucionária do Irão, que responde apenas ao guia supremo do regime, o ayatollah Ali Khamenei, é suspeita de levar a cabo diferentes ataques com drones no Médio Oriente.
Argumentos para a retaliação
Os bombardeamentos norte-americanos da última madrugada foram descritos como retaliação ao ataque contra uma base de coligação liderada pelos EUA perto de Hassakeh, no nordeste da Síria.

O drone foi analizado pelos serviços secretos dos EUA, que estabeleceram a origem do fabrico do equipamento como iraniana.

“Os ataques aéreos dos EUA foram conduzidos em resposta ao ataque de drone de hoje, bem como a uma série de ataques recentes contra as forças da Coligação na Síria por grupos afiliados ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão”, indicou o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, citado na Al Jazeera.

Austin confirmou ter autorizado os ataques sob a direção do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

“Como o presidente Biden deixou claro, tomaremos todas as medidas necessárias para defender o nosso pessoal e responderemos sempre no momento e local de nossa escolha”, advertiu Austin. “Nenhum grupo atacará as nossas tropas impunemente", sublinhou.

Drones Iranianos

Na base que foi atacada perto de Hassakeh, a nordeste do país, permanecem cerca de 900 soldados norte-americanos.

No xadrez territorial, Deir ez-Zor é uma província síria estratégica que faz fronteira com o Iraque e contém campos de petróleo, controlados por grupos de milícias apoiados pelo Irão.

O general Erik Kurilla, que supervisiona as forças dos EUA no Médio Oriente, à frente do Comando Central, lembrou que as tropas norte-americanas foram atacadas por grupos apoiados pelo Irão por 78 vezes desde o início de 2021.

Kurilla, que testemunhou perante o Comité de Serviços Armados da Câmara dos Representantes dos EUA na quinta-feira, alertou para a frota de drones do Irão. “Neste momento, o regime iraniano detém a maior e mais capaz força de veículos aéreos não tripulados da região”, insistiu.
Contra-retaliação
Os órgãos estatais de comunicação social do Irão noticiaram que não houve nenhum iraniano morto no ataque.

A imprensa iraniana cita fontes locais para negar que o alvo atingido fosse um posto militar alinhado com o Irão, mas sim um centro de desenvolvimento rural e uma instalação de cereais localizada perto de um aeroporto militar.

“Uma fonte militar na Síria disse à Press TV que os grupos de resistência reservam-se o direito de responder ao ataque americano e tomarão medidas recíprocas”, avançou a Al Jazeera.
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