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EUA. Celebridades e ativistas pedem anulação da pena de morte de homem acusado há 22 anos
Esta quinta-feira, um homem acusado de um assassinato em 1999 e que desde então garante ser inocente deverá receber uma injeção letal, método que voltou recentemente a ser permitido no Estado de Oklahoma. O caso, que tem atraído a atenção de várias celebridades - entre as quais Kim Kardashian -, levou às ruas centenas de estudantes e ativistas que pedem a anulação da decisão do tribunal.
A execução de Julius Jones está agendada para as 16h00 locais (22h00 em Lisboa), na penitenciária de McAlester. O homem, de 41 anos, é acusado do assalto e homicídio do empresário Paul Howell, que ocorreram em 1999 nos subúrbios de Oklahoma City, a capital desse Estado norte-americano.
A última esperança de Jones, que mantém a sua inocência há mais de duas décadas, está nas mãos do republicano Kevin Stitt. Este governador de Oklahoma ainda vai a tempo de pronunciar-se sobre a votação de 3-1 pelo Conselho de Perdão e Liberdade Condicional, no início deste mês, para que a pena de morte do homem seja alterada para prisão perpétua.
No final de outubro, Julius Jones foi um de cinco detidos a verem as suas penas de morte suspensas por um painel de três juízes do Tribunal de Recursos dos Estados Unidos. No entanto, logo no dia seguinte à decisão, o Supremo Tribunal norte-americano levantou essas suspensões e permitiu que o Estado de Oklahoma prosseguisse com os seus planos. O Estado de Oklahoma esteve desde 2015 impedido de realizar execuções devido a dúvidas sobre os seus métodos de injeções letais. A proibição terminou em outubro deste ano.
A realizar-se, esta será a segunda injeção letal após uma moratória de seis anos em Oklahoma. A primeira foi no mês passado. O alvo, chamado John Grant, terá sofrido convulsões e vómitos antes de morrer, segundo testemunhas, mas o Departamento de Correções garantiu não terem ocorrido quaisquer complicações.
No caso de Julius Jones, os atuais advogados do condenado dizem existirem provas de que este estava em casa com a família no momento em que ocorreu o homicídio de Paul Howell. A equipa de defesa coloca as culpas nos advogados iniciais de Jones, que terão falhado em investigar competentemente o caso.
As dúvidas sobre a inocência do homem têm levado a vários apelos ao governador Kevin Stitt para que este aceite a recomendação do Conselho de Perdão e Liberdade Condicional e levante a pena de morte.
A polémica em torno do caso chamou, inclusivamente, a atenção de celebridades, entre as quais a empresária e socialite Kim Kardashian West. “Às 21h00 do dia anterior à sua execução, Julius Jones deixará de poder realizar telefonemas e receberá a sua última refeição. Será vigiado de 15 em 15 minutos durante as últimas quatro horas da sua vida. Nessa altura, será morto”, escreveu na rede social Twitter.
“Esta é a fria maquinaria da pena de morte na América”, criticou a mulher do músico Kanye West. “O meu coração parte-se pelo Julius e por tantos outros que tiveram de sofrer com este trágico erro da Justiça”.
Baker Mayfield, prestigiado jogador de futebol americano, também se pronunciou. “É muito duro. Não é fácil falar sobre isto. Tenho tentado que os factos sejam reunidos e que a verdade seja dita já há algum tempo. É uma vergonha que isto tenha chegado tão longe”, lamentou.
Vários líderes evangélicos e legisladores republicanos de Oklahoma, incluindo o representante do Governo estatal, John Talley, também questionaram a sentença decidida para Jones e apelaram ao governador Kevin Stitt que reconsidere.
Mas não só celebridades têm procurado chamar a atenção para aquela que consideram uma injustiça. Desde quarta-feira, centenas de ativistas e estudantes das várias escolas secundárias de Oklahoma City saíram às ruas para demonstrarem o seu apoio a Julius Jones.
Mãe de Jones garante inocência. Irmã da vítima discorda
Madeline Davis-Jones, mãe de Julius, que desde segunda-feira tem tentado reunir com Stitt, falou esta manhã a um grupo de cerca de 300 pessoas que se reuniu junto ao Capitólio de Oklahoma em defesa do sentenciado.
“Não quero assistir a um linchamento”, disse, emocionada. “Porque quereria eu ver alguém ser enforcado? Devemos acabar com isto. Querem que os vossos bebés, os vossos filhos sejam enforcados?”.
A mãe de Julius garante que o filho foi incriminado pelo verdadeiro assassino, um amigo da escola que testemunhou contra ele na altura do homicídio e que foi libertado da prisão ao fim de 15 anos.
Os procuradores estatais garantem, por outro lado, que as provas contra Jones são abundantes e inequívocas. Várias testemunhas identificaram o homem como o autor dos disparos que mataram Paul Howell em 1999 e dizem tê-lo visto dentro do carro da vítima.
A própria irmã de Howell, Megan, disse perante o Conselho de Perdão e Liberdade Condicional lembrar-se de ver Julius a disparar contra o irmão em frente das duas filhas pequenas deste. “Ele é a mesma pessoa de há 22 anos. Continua a meter-se em sarilhos. Continua a pertencer a um gangue. Não sente vergonha, culpa ou remorsos pela sua ação. Precisamos que seja responsabilizado”, defendeu Megan.
Além disso, os investigadores dizem ter encontrado a arma do crime enrolada numa peça de roupa com o ADN de Julius Jones no sótão da sua casa.
A última esperança de Jones, que mantém a sua inocência há mais de duas décadas, está nas mãos do republicano Kevin Stitt. Este governador de Oklahoma ainda vai a tempo de pronunciar-se sobre a votação de 3-1 pelo Conselho de Perdão e Liberdade Condicional, no início deste mês, para que a pena de morte do homem seja alterada para prisão perpétua.
Apesar de Stitt não ter ainda abordado publicamente o assunto, a CNN avança que o governador já esteve reunido com os advogados de Jones. O porta-voz do republicano garantiu, entretanto, que este “está a considerar cuidadosamente a recomendação do Conselho de Perdão e Liberdade Condicional, tal como faz em todos os casos”.
Numa última tentativa para salvarem o seu cliente, os advogados de Jones submeteram esta quinta-feira uma moção de emergência a um tribunal federal para travarem a execução, citando alegados defeitos com o cocktail letal de três medicamentos habitualmente utilizado pelo Estado de Oklahoma.
No final de outubro, Julius Jones foi um de cinco detidos a verem as suas penas de morte suspensas por um painel de três juízes do Tribunal de Recursos dos Estados Unidos. No entanto, logo no dia seguinte à decisão, o Supremo Tribunal norte-americano levantou essas suspensões e permitiu que o Estado de Oklahoma prosseguisse com os seus planos. O Estado de Oklahoma esteve desde 2015 impedido de realizar execuções devido a dúvidas sobre os seus métodos de injeções letais. A proibição terminou em outubro deste ano.
A realizar-se, esta será a segunda injeção letal após uma moratória de seis anos em Oklahoma. A primeira foi no mês passado. O alvo, chamado John Grant, terá sofrido convulsões e vómitos antes de morrer, segundo testemunhas, mas o Departamento de Correções garantiu não terem ocorrido quaisquer complicações.
No caso de Julius Jones, os atuais advogados do condenado dizem existirem provas de que este estava em casa com a família no momento em que ocorreu o homicídio de Paul Howell. A equipa de defesa coloca as culpas nos advogados iniciais de Jones, que terão falhado em investigar competentemente o caso.
As dúvidas sobre a inocência do homem têm levado a vários apelos ao governador Kevin Stitt para que este aceite a recomendação do Conselho de Perdão e Liberdade Condicional e levante a pena de morte.
A polémica em torno do caso chamou, inclusivamente, a atenção de celebridades, entre as quais a empresária e socialite Kim Kardashian West. “Às 21h00 do dia anterior à sua execução, Julius Jones deixará de poder realizar telefonemas e receberá a sua última refeição. Será vigiado de 15 em 15 minutos durante as últimas quatro horas da sua vida. Nessa altura, será morto”, escreveu na rede social Twitter.
“Esta é a fria maquinaria da pena de morte na América”, criticou a mulher do músico Kanye West. “O meu coração parte-se pelo Julius e por tantos outros que tiveram de sofrer com este trágico erro da Justiça”.
This is the cold machinery of the Death Penalty in America. In just over two weeks, an innocent man could be put to death. My heart breaks for Julius and so many others who have suffered from such tragic miscarriage of justice.
— Kim Kardashian West (@KimKardashian) November 16, 2021
Baker Mayfield, prestigiado jogador de futebol americano, também se pronunciou. “É muito duro. Não é fácil falar sobre isto. Tenho tentado que os factos sejam reunidos e que a verdade seja dita já há algum tempo. É uma vergonha que isto tenha chegado tão longe”, lamentou.
Vários líderes evangélicos e legisladores republicanos de Oklahoma, incluindo o representante do Governo estatal, John Talley, também questionaram a sentença decidida para Jones e apelaram ao governador Kevin Stitt que reconsidere.
Mas não só celebridades têm procurado chamar a atenção para aquela que consideram uma injustiça. Desde quarta-feira, centenas de ativistas e estudantes das várias escolas secundárias de Oklahoma City saíram às ruas para demonstrarem o seu apoio a Julius Jones.
Mãe de Jones garante inocência. Irmã da vítima discorda
Madeline Davis-Jones, mãe de Julius, que desde segunda-feira tem tentado reunir com Stitt, falou esta manhã a um grupo de cerca de 300 pessoas que se reuniu junto ao Capitólio de Oklahoma em defesa do sentenciado.
“Não quero assistir a um linchamento”, disse, emocionada. “Porque quereria eu ver alguém ser enforcado? Devemos acabar com isto. Querem que os vossos bebés, os vossos filhos sejam enforcados?”.
A mãe de Julius garante que o filho foi incriminado pelo verdadeiro assassino, um amigo da escola que testemunhou contra ele na altura do homicídio e que foi libertado da prisão ao fim de 15 anos.
Os procuradores estatais garantem, por outro lado, que as provas contra Jones são abundantes e inequívocas. Várias testemunhas identificaram o homem como o autor dos disparos que mataram Paul Howell em 1999 e dizem tê-lo visto dentro do carro da vítima.
A própria irmã de Howell, Megan, disse perante o Conselho de Perdão e Liberdade Condicional lembrar-se de ver Julius a disparar contra o irmão em frente das duas filhas pequenas deste. “Ele é a mesma pessoa de há 22 anos. Continua a meter-se em sarilhos. Continua a pertencer a um gangue. Não sente vergonha, culpa ou remorsos pela sua ação. Precisamos que seja responsabilizado”, defendeu Megan.
Além disso, os investigadores dizem ter encontrado a arma do crime enrolada numa peça de roupa com o ADN de Julius Jones no sótão da sua casa.