EUA classificam genocídio no Darfur como pior abuso em 2006

Os Estados Unidos classificaram o genocídio em Darfur, província do oeste sudanês, como o pior abuso dos direitos humanos e m 2006, na lista anual do Departamento de Estado apresentada por Condoleezz a Rice.

Agência LUSA /

"Com demasiada frequência, ao longo do ano passado, fomos dolorosamente confrontados com o facto de o respeito pelos direitos humanos, apesar da sua ev idência, não se ter conseguido impor", declarou a chefe da diplomacia norte-amer icana, lamentando que "o desejo da humanidade de viver em liberdade (também) não fosse acolhido universalmente".

O documento, com 800 páginas, analisa a situação dos direitos humanos e m 193 países - mais um dos que os 192 membros das Nações Unidas - e coloca uma b ola negra em oito, onde os dirigentes "não prestam contas a ninguém": Bielorrúss ia, Birmânia (Myanmar), China, Coreia do Norte, Cuba, Eritreia (referenciada pel a primeira vez este ano), Irão e Zimbabué.

Situada no Corno de África, a Eritreia, que apoiou a tentativa de golpe dos islamitas na vizinha Somália, é o único país novo na lista dos "piores abus os dos direitos humanos no mundo".

O governo de Asmara "é um dos mais repressivos da África Subsaariana e o balanço das suas violações dos direitos humanos agravou-se muito em 2006", rea lça o texto, acusando as forças armadas locais de "mortes extrajudiciais", segun do "informações credíveis" de testemunhas que viram "soldados disparar à queima- roupa sobre pessoas quando tentavam cruzar a fronteira com a Etiópia".

Na mesma região, o Sudão, que constava da lista dos piores abusos dos d ireitos humanos em 2005, foi agora colocado na dos culpados de genocídio, neste caso na província de Darfur, até à data com 200.000 civis mortos e mais de dois milhões de deslocados.

Dos deslocados, 234.000 fugiram para o Chade, país que juntamente com a República Centr-Africana registou um "violento conflito étnico" nas fronteiras com o Sudão.

"Tanto as forças governamentais, como as milícias djandjawid e os grupo s rebeldes recrutaram crianças para a guerra, praticaram roubos, actos de tortur a sistemática, violações e assassínios generalizados", enfatiza o documento, que dá igualmente conta de ataques contra colunas humanitárias, apesar da presença de efectivos da União Africana (UA).

Por outro lado, a China é criticada pelas "perseguições, detenções e en carceramentos" de activistas e dos advogados que têm a veleidade de os querer de fender.

A Coreia do Norte, com a qual Washington iniciou na segunda-feira conve rsações históricas para a normalização das relações, é vista como "um dos regime s mais repressivos e isolados do planeta, controlando quase todas as actividades dos cidadãos".

Em Cuba, cujo "poder totalitário" é temporariamente assumido por Raul C astro, irmão do velho e doente líder Fidel, "prosseguem as violações dos direito s humanos dos cidadãos", com absoluta impunidade dos infractores, e estão contab ilizados 283 presos políticos, designadamente activistas.

Relativamente à base naval norte-americana de Guantanamo, nesta ilha da s Caraíbas, onde se encontra em detenção prolongada cerca de meio milhar de susp eitos de terrorismo, Washington reconhece, no preâmbulo do texto, críticas receb idas do estrangeiro.

Admitindo não poder assegurar "uma democracia infalível", a administraç ão norte-americana justifica que, pelo menos, "presta contas" dos seus actos.

No que respeita ao Irão, o regime dos ayatollahs é apontado por "violar flagrantemente a liberdade de expressão, credo e associação, impedir a lisura n as eleições, praticar detenções arbitrárias e tortura, negar o acesso dos cidadã os à justiça e fomentar o terrorismo".

Penas de morte brutais por apedrejamento e flagelação são assacadas no texto a Teerão.

Em países como o Líbano, Iraque e Afeganistão, com governos próximos de Washington, as violações detectadas são atribuídas à "insegurança decorrente do s conflitos internos e transfronteiriços".

Poucos ou nenhuns progressos são assinalados na Rússia, Cazaquistão, Qu irguistão, Paquistão, Egipto e Venezuela.

Na Rússia, as limitações colocadas pelo Presidente Vladimir Putin à lib erdade de imprensa e de associação, sobretudo das organizações não-governamentai s (ONG), são itens em destaque.

Não são deixados em branco os alegados assassínios selectivos atribuído s ao Kremlin, nem as atrocidade cometidas pelo exército federal na pequena repúb lica norte-caucasiana da Tchetchénia.

No Paquistão, estão na ordem do dia os desaparecimentos de pessoas, hom icídios, violações, tortura e detenções arbitrárias, em clima de corrupção gener alizada e intimidação por parte das autoridades.

No caso da Tailândia e das Fiji, a lista põe em causa os golpistas que derrubaram governos democraticamente eleitos.

Finalmente, uma melhoria acentuada no respeito pelos direitos humanos é referida na Ucrânia, Marrocos, República Democrática do Congo, Libéria, Indonés ia e Haiti.

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