EUA destacam porta-aviões para "enviar mensagem" ao Irão

por Joana Raposo Santos - RTP
John Bolton frisou que os Estados Unidos "estão totalmente preparados para responder a qualquer ataque" do Irão Reuters

A Administração Trump destacou um porta-aviões e bombardeiros para o Médio Oriente de modo a “passar uma mensagem” ao Irão e impedir eventuais ataques por parte do país contra as forças norte-americanas na região. John Bolton, conselheiro para a Segurança Nacional dos Estados Unidos, declarou que a Casa Branca está a agir “em resposta a uma série de indicações e avisos preocupantes”.

“Os Estados Unidos vão destacar o porta-aviões USS Abraham Lincoln, da Marinha norte-americana, e uma task-force de bombardeiros para o Comando Central dos EUA na região de modo a enviar uma mensagem clara e inequívoca ao regime iraniano de que qualquer ataque aos interesses dos Estados Unidos ou dos seus aliados será recebido com uma força implacável”, assegurou no domingo Bolton.

De acordo com um funcionário da Casa Branca, o vaso de guerra e as aeronaves terão sido destacados para “dissuadir o que foi visto como potenciais preparações por parte das Forças iranianas para eventuais ataques contra as forças norte-americanas na região”.

Em declarações à agência Reuters, a mesma fonte confessou que os Estados Unidos não esperam, no entanto, um ataque iminente por parte do Irão.

John Bolton frisou que “os Estados Unidos não estão à procura de uma guerra com o regime iraniano, mas estão totalmente preparados para responder a qualquer ataque, quer este venha da Guarda Revolucionária do Irão ou das Forças Armadas” desse país.

Ainda no domingo, o secretário de Estado Mike Pompeo afirmou que a recente medida tem estado a ser pensada há já “algum tempo”.

“Iremos responsabilizar os iranianos pelos ataques contra os interesses americanos. Se esse tipo de ações ocorrer, mesmo que através de terceiros (…) iremos responsabilizar diretamente os líderes iranianos”, sublinhou Pompeo.
“Consequências”
A medida chega na sequência de outras tentativas da Administração Trump de exercer pressão sobre o Irão nos últimos meses, nomeadamente ao classificar a Guarda Revolucionária Iraniana como uma entidade terrorista e ao aumentar as sanções relativamente ao petróleo.

Em abril, os Estados Unidos alertaram ainda que iriam terminar com a isenção de sanções em cinco países que ainda compram petróleo iraniano - China, Japão, Coreia do Sul, Índia e Turquia -, o que poderá reduzir drasticamente as exportações desta substância pelo Irão.

Em resposta, Teerão ameaçou bloquear o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo consumido a nível global, caso o país fosse alvo de mais sanções por parte dos Estados Unidos.

Javad Zarif, ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, alertou no mês passado que o Irão iria continuar com a venda de petróleo nos mercados mundiais e que os Estados Unidos não deveriam travar a exportação.

“Se os EUA adotarem a medida descabida de tentar impedir-nos, deverá preparar-se para as consequências”, garantiu.

A tentativa dos EUA de isolar economicamente o Irão começou no ano passado, quando Donald Trump se retirou unilateralmente do acordo nuclear que possuía com o país e com outras potências mundiais negociado em 2015.

Sob o acordo, o Irão tinha concordado em limitar a atividade nuclear e em permitir inspeções internacionais se, em troca, as sanções fossem aliviadas.
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