EUA enviam 5.200 soldados para fronteira do México e prometem “cidades-tenda”

Os Estados Unidos vão mobilizar 5.200 militares para a fronteira com o México com o intuito de travar duas caravanas de migrantes que chegam da América Central. A mobilização deverá estar concluída no final da semana. Os migrantes que pedirem asilo vão ter de aguardar em acampamentos gigantescos, avançou o Presidente norte-americano, que se tem referido às caravanas de migrantes nas ações de campanha para as eleições intercalares da próxima terça-feira.

RTP /
Centenas de migrantes lançaram-se ao rio Suchiate, na fronteira da Guatemala Leah Millis - Reuters

Com uma caravana de 3.500 migrantes a atravessar o México e outra de 3.000 pessoas na fronteira da Guatemala, a administração Trump anunciou medidas para travar a entrada em massa de milhares de pessoas, oriundas de diversos países da América Central, que tentam escapar da fome e da violência.

“Até ao final da semana, vamos enviar 5.200 soldados para a fronteira Sudoeste, que se vão juntar aos 2.100 elementos da Guarda Nacional já mobilizados”, avançou o general Terrence O'Shaughnessy. A mobilização vai criar um contingente com uma dimensão equivalente à presença militar norte-americana no Iraque.

“Este é apenas o início da operação” batizada com o nome “Patriota Fiel”, afirmou o general de quatro estrelas, que lidera o Comando Norte.

Os soldados vão fortalecer a patrulha nos postos fronteiriços dos Texas à Califórnia. No entanto, a principal missão será dar apoio logístico aos funcionários das Alfândegas e Proteção das Fronteiras em áreas menos protegidas. Entre as tarefas dos soldados está a construção de tendas e barricadas e o transporte de pessoal das alfândegas.

"A segurança na fronteira é um assunto de segurança nacional e as forças armadas dos EUA aumentarão a capacidade para fortalecer a fronteira", declarou o General O'Shaughnessy em conferência de imprensa.

Na semana passada, era referido o envio de um contingente, composto por entre 800 a 1.000 soldados, para a fronteira do Texas. Também era admitida necessidade de envio de mais homens para as fronteiras da Califórnia e do Arizona.
“Crise de segurança e humanitária”
A autoridade norte-americana de controlo das fronteiras estima que as caravanas maiores sejam compostas por dois grupo de 3.500 pessoas, que deverá chegar pela fronteira do México, e outro composto por 3.000 migrantes, que estão na Guatemala.

"Não permitiremos que um grande grupo entre nos Estados Unidos de maneira perigosa e ilegal", disse Kevin McAleenan, comissário das Alfândegas e Proteção de Fronteiras.

"Neste momento, dezenas de milhares de migrantes entre as fronteiras da Guatemala e dos Estados Unidos estão a aproximar-se de nós”, acrescentou. Os funcionários das fronteiras registaram a chegada de 1.900 pessoas por dia, nas últimas semanas. Uns tentam passar a fronteira ilegalmente, enquanto outros se apresentam nos postos. Mais de metade são crianças, que viajam sozinhas ou com os pais.

“Já estamos a enfrentar uma crise de segurança e humanitária na nossa fronteira Sudoeste", disse Kevin McAleenan.
Trump promete “Cidades-tenda” e fala em “invasão”
Em vez de albergar os migrantes em centros enquanto esperam as decisões, a administração Trump prevê a construção de “cidades-tenda”. “Se pedirem asilo, vamos ter de os reter até que o seu caso seja apreciado. Vamos retê-los, vamos construir cidades de tendas, vamos montar tendas por todo o lado”, declarou Donald Trump na Fox News.

“Não vamos construir estruturas e gastar centenas de milhões de dólares, vamos colocá-los em tendas. Estarão muito bem e devem esperar. Se não conseguirem asilo, vão-se embora”, sublinhou. Donald Trump admitiu que a estratégia adotada visa desencorajar os pedidosasilo.

“Nós, ao contrário de Obama e de outros, vamos levar estas pessoas, coloca-las lá e elas vão esperar. Quando as pessoas perceberem o que acontece, teremos menos gente a vir”, acrescentou na entrevista à Fox News.

Donald Trump também admitiu que quer rever a lei que atribui a nacionalidade aos bebés, filhos de cidadãos estrangeiros, nascidos em solo americano. O presidente dos Estados Unidos afirmou que a cidadania por direito de nascença é "ridícula" e "tem de acabar".

Trump referiu-se à caravana de migrantes em vários comícios nas últimas semanas, mas rejeita que o reforço das fronteiras seja uma medida eleitoralista, ccomvista a aumentar os apoios ao Partido Republicano nas eleições intercalares de 6 de novembro.

A adoção de políticas anti-imigratórias também foi uma das suas promessas na campanha para as eleições presidenciais, em 2016.

O Presidente dos Estados Unidos tentou combater os avanços das caravanas também no Twitter.

“Muitos membros de gangues e pessoas muito más misturaram-se com a caravana em direção à nossa fronteira Sul", escreveu, esta segunda-feira, Donald Trump.

“Por favor regressem. Não serão admitidos nos Estados Unidos a não ser pelo processo (de imigração) legal. Esta é uma invasão do nosso país e os nossos militares estarão à vossa espera”, acrescentou.
Migrantes atiram-se ao rio Suchiate na Guatemala
Para tentar contornar o bloqueio da polícia mexicana, centenas de migrantes lançaram-se ao rio Suchiate, na fronteira da Guatemala com o México, para tentar chegar aos Estados Unidos.


De acordo com relatos de vários jornalistas, entre os migrantes estavam mulheres, crianças e idosos naturais das Honduras.

Alguns apanharam jangadas, enquanto outros lançaram-se a nado e fizeram um cordão humano para não serem arrastados pela corrente.

As forças de segurança mexicanas bloquearam, no domingo, a entrada a milhares de hondurenhos que chegavam da Guatemala.

Um homem morreu depois de ser atingido por um projétil.

O ministro do Interior mexicano, Alfonso Navarrete, declinou responsabilidades, dizendo que a polícia não usava armas, “nem sequer balas de borracha".
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