EUA. Juiz ordena regresso de mãe e filha a bordo de avião para El Salvador

por RTP
"Quero que estas pessoas sejam trazidas de volta. Não estou a pedir, estou a ordenar", frisou Sullivan Loren Elliott - Reuters

Emmet Sullivan, um juiz federal dos Estados Unidos, entrou em confronto com a Administração Trump na quinta-feira, após ter sido informado que duas requerentes de asilo estavam a ser deportadas. O juiz ordenou o regresso das duas imigrantes, mãe e filha, que se encontravam no voo de regresso a El Salvador. O procurador-geral Jeff Sessions pode ser acusado de desobediência ao tribunal.

O juiz do Tribunal Distrital de Washington, Emmet Sullivan, concordou com a American Civil Liberties Union (ACLU) na convicção de que os imigrantes não devem ser deportados enquanto os casos estiverem pendentes. As duas imigrantes fazem parte de um grupo de 12 pessoas que interpôs uma ação contra as alterações às políticas de asilo.

A advogada da ACLU Jennifer Chang Newell disse à CNN que a Administração Trump teria prometido que ninguém, neste caso, seria deportado até à meia-noite de quinta-feira.

No entanto, Newell recebeu um e-mail de advogados do Texas a informar que a cliente – que usava o pseudónimo Carmen - e a filha teriam sido retiradas do centro de detenção e deportadas.

Os advogados descobriram, no meio da uma audiência para suspender as deportações, que as duas pessoas já estavam num avião para El Salvador, após ordem da Administração Trump.

Durante a audiência, Sullivan referiu que se as imigrantes não fossem devolvidas, ordenaria que as autoridades explicassem "as razões pelas quais não deveriam ser acusadas de desobediência ao tribunal”. “Vou começar pelo procurador-geral [Jeff Sessions]", sublinhou.
"Isto é inacreditável"
"Sei que estou a levantar a voz, mas estou extremamente chateado", disse o juiz. "Isto é inaceitável", acrescentou. Sullivan achou "ultrajante" que "alguém à procura da justiça fosse levado enquanto os advogados defendiam a sua causa". "Quero que estas pessoas sejam trazidas de volta. Não estou a pedir, estou a ordenar", frisou Sullivan, de acordo com uma transcrição da audiência.

Após a audiência, Sullivan emitiu uma ordem de emergência, suspendendo a deportação de qualquer um dos imigrantes, referindo que tem autoridade máxima no caso.

O juiz norte-americano sublinhou que se as duas mulheres não fossem devolvidas, o grupo que orientou a deportação teria de comparecer no tribunal e apontar as razões pelas quais não deveriam ser detidos por desrespeito.
Ameaças de morte

Jeff Sessions tem tornado quase impossível que vítimas de violência doméstica e de gangues procurem asilo nos Estados Unidos. A ACLU está a usar a história de Carmen, bem como experiências semelhantes de outros imigrantes para desafiar a decisão do procurador-geral sobre a imigração.

De acordo com o processo, Carmen e a filha fugiram para os Estados Unidos após "duas decadas de abusos sexuais horríveis por parte do marido e ameaças de morte por parte de um gangue violento".

Segundo o processo, mesmo depois de Carmen se afastar do marido, foi violada, perseguida e recebeu ameaças de morte.

Além disso, o gangue exigiu que a mulher fizesse um pagamento mensal ou seria assassinada juntamente com a filha. Por estas razões, decidiu fugir.

No entanto, na fronteira, após uma entrevista, o Governo norte-americano determinou que Carmen não apresentava “medo credível” suficiente para um pedido de asilo no país. Mãe e filha aguardam agora o desfecho do caso no Texas.
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