EUA pressionam Honduras a concluírem processo eleitoral sob ameaça de "consequências"
O Departamento de Estado norte-americano instou hoje as autoridades hondurenhas a concluírem a contagem dos votos das eleições presidenciais de 30 de novembro e avisou que quem obstruir o trabalho do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sofrerá "consequências".
"É imperativo que os responsáveis cumpram as suas obrigações em tempo útil para que o CNE possa finalizar os resultados oficiais. Qualquer pessoa que obstrua ou tente atrasar o trabalho do CNE enfrentará consequências", afirmou no X o Departamento de Estado, através do Gabinete para os Assuntos do Hemisfério Ocidental.
"O povo hondurenho já esperou o tempo suficiente. Merece um processo célere, transparente e fiável", acrescentou.
Washington afirma considerar "profundamente problemático" que "certos partidos e candidatos continuem a dificultar o processo eleitoral".
Após três semanas de incerteza, acusações e pressão de Washington, o CNE das Honduras iniciou na semana passada a recontagem de cerca de 2.800 boletins de voto com inconsistências, num processo acompanhado por observadores nacionais e internacionais.
Com 96,33% dos votos apurados, o candidato do Partido Nacional, Nasry Asfura, lidera com 39,27%, à frente de Salvador Nasralla, do Partido Liberal, com 38,2%.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, apoiou Asfura antes das eleições, alimentando acusações de intervenção eleitoral por parte dos seus opositores.
Também hoje, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Albert Ramdin, fez um apelo "urgente" para que as autoridades eleitorais concluam o processo "o mais rapidamente possível".
"A Secretaria-Geral da OEA insta, com urgência, as autoridades eleitorais hondurenhas a concluírem a contagem dos votos o mais rapidamente possível, em estrita observância da lei e com plenas garantias para todos os atores políticos e sociais", afirmou a organização no X.
A OEA recorda às autoridades eleitorais que têm a "obrigação constitucional" de certificar os resultados das eleições antes de 30 de dezembro, "garantindo que a vontade do povo hondurenho de eleger o seu Presidente é plenamente respeitada".
Antes das eleições, Trump também concedeu indulto ao ex-presidente das Honduras, Juan Orlando Hernández, condenado por um tribunal norte-americano no ano passado a 45 anos de prisão pelo seu envolvimento numa operação de tráfico de drogas.