EUA reduzem presença militar na Roménia mas garantem compromisso com Europa e NATO
Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira uma redução da sua presença militar na fronteira leste da Europa, sobretudo na Roménia, assegurando que mantêm o "compromisso" com o continente e a NATO.
Num comunicado a partir do seu quartel-general europeu, o Exército norte-americano afirmou que o regresso de uma brigada do Exército norte-americano na Roménia "não é uma retirada dos Estados Unidos da Europa nem um sinal de redução do compromisso com a NATO".
Trata-se, salientou um responsável da NATO, de um ajuste que não impedirá as forças norte-americanas de se manterem mais numerosas do que antes de 2022, tendo a Aliança Atlântica sido previamente informada de ajustes na presença de tropas norte-americanas, que não são invulgares.
Numa altura em que a Ucrânia, vizinha da Roménia, continua a lidar com a invasão russa, George Scutaru, antigo conselheiro de segurança nacional do presidente romeno, considerou que este é "um mau sinal enviado à Rússia" em relação à região do mar Negro.
"A Rússia pode considerar que o mar Negro não é assim tão importante para os interesses dos Estados Unidos na Europa", sublinhou à agência France-Presse (AFP).
Scutaru, que dirige o `think tank` New Strategy Center, apelou aos aliados europeus para "considerarem reforçar a sua presença militar para compensar", mencionando especificamente a França, na véspera da visita à Roménia da ministra da Defesa francesa, Catherine Vautrin.
Um membro da comitiva da ministra francesa garantiu à AFP que a defesa do flanco leste da Europa vai manter-se "robusta". A França lidera a força da NATO na Roménia.
Na Alemanha, país que alberga o maior contingente de tropas norte-americanas na Europa, um porta-voz do Governo afirmou que o país não foi afetado por esta redistribuição.
A redução anunciada por Bucareste diz respeito a uma brigada norte-americana, que regressará aos Estados Unidos sem ser substituída, indicou o Exército norte-americano.
Segundo Bucareste, "aproximadamente 900 a mil soldados norte-americanos permanecerão na Roménia, ajudando a dissuadir qualquer ameaça e representando uma garantia do compromisso dos Estados Unidos com a segurança regional".
De acordo com as estatísticas mais recentes disponíveis, 1.700 soldados norte-americanos estão atualmente destacados na Roménia.
"As capacidades estratégicas permanecem inalteradas", garantiu o ministro da Defesa romeno, Ionut Mosteanu, citando em particular o sistema de defesa antimíssil em Deveselu e a base aérea de Campia Turzii.
No entanto, considerou Phillips Payson O`Brien, historiador norte-americano e professor de estudos estratégicos na Universidade de St Andrews (Escócia), a decisão de Washington "enfraquecerá a segurança" da Roménia, um "Estado na linha da frente".
"Acordem, Europa, os Estados Unidos não vos vão defender contra a Rússia", acrescentou na rede social X.
Há anos que os Estados Unidos procuram reorientar as suas prioridades estratégicas para a Ásia, incluindo a redução da sua presença militar na Europa.
O regresso de Donald Trump ao poder em janeiro apenas veio agravar esta tendência.
Cerca de 85.000 soldados americanos estão destacados na Europa. Este número oscilou entre os 75.000 e os 105.000 após o envio de mais 20.000 soldados em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022, segundo o Departamento de Defesa norte-americano.
Em fevereiro, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, alarmou os seus aliados europeus ao anunciar que estes devem agora assumir a "responsabilidade pela sua própria segurança convencional no continente".
Salientando que a decisão norte-americana é "um desenvolvimento previsível" para "todos", o ministro da Defesa romeno recordou ainda que a Europa começou a investir mais nos seus próprios exércitos e "decidiu assumir o controlo da sua Defesa".