EUA sancionam três organizações palestinianas
Os Estados Unidos (EUA) sancionaram na quinta-feira três organizações não governamentais (ONG) palestinianas acusadas de colaborar com o Tribunal Penal Internacional (TPI), segundo o Estado norte-americano.
As ONG Al-Haq, Al-Mezan e o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (PCHR) "envolveram-se diretamente nos esforços do Tribunal Penal Internacional para investigar, prender, deter ou processar cidadãos israelitas sem o consentimento de Israel", referiu o comunicado assinado pelo secretário de estado dos EUA, Marco Rubio.
O TPI está na mira dos EUA após a emissão de mandados de captura para Benjamin Netanyahu e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant, suspeitos de crimes contra a humanidade e crimes de guerra em Gaza.
"Opomo-nos à agenda politizada do TPI (...) e ao seu desrespeito pela soberania dos Estados Unidos e dos nossos aliados", indicou o secretário.
O congelamento de bens nos EUA e das transações financeiras são algumas das sanções aplicadas às ONG.
Para o alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, as sanções deviam "ser eliminadas".
O comissário destacou que as organizações desempenham um "trabalho humanitário vital" na responsabilização por violações dos direitos humanos nas regiões da Palestina ocupadas por Israel, sendo estas a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Numa declaração conjunta, as três organizações palestinianas acusaram os EUA de "proteger e fortalecer o regime de apartheid colonialista sionista de Israel e a sua ocupação ilegal".
As ONG referiram ainda que a "tentativa de silenciar as vozes palestinianas é o passo mais recente de uma campanha implacável travada por Israel e pelos seus aliados há décadas, com impunidade internacional, para apagar a memória do povo palestiniano".
As organizações apelaram ainda à "solidariedade global para pôr fim ao genocídio em Gaza e à opressão dos palestinianos".
A diretora da Amnistia Internacional, Erika Guevara-Rosas, disse, citada em comunicado, que as sanções são um "ataque profundamente perturbador e vergonhoso aos direitos humanos e à procura global de justiça".
O TPI é responsável por processar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Os EUA e Israel não são membros do tribunal
Nos últimos meses, os EUA intensificaram as sanções contra os juízes e procuradores do TPI.
O conflito no Médio Oriente na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 63 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.