EUA vão disponibilizar 1,4 mil milhões de euros para saúde em Moçambique
Os Estados Unidos da América (EUA) vão disponibilizar 1,7 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) para retomar o apoio ao sistema de saúde em Moçambique, anunciou a ministra da Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana.
"Este é um desafio para o Estado, para o Governo moçambicano, para poder financiar a área de saúde. Estamos a ver 1,7 mil milhões de dólares [1,4 mil milhões de euros] e o Governo moçambicano só comparticipa com 70 milhões de dólares [59,5 milhões de euros]", disse Maria Manuela Lucas, à margem da assinatura do acordo de cooperação com os EUA, em Washington.
Segundo a governante, o memorando, assinado na segunda-feira e que introduz um novo modelo de financiamento governo a governo (G2G), "reforça a solidez da parceria estratégica entre Moçambique e os Estados Unidos da América", refletindo também "a confiança mútua entre os dois Governos".
A ministra explicou que o financiamento será implementado no país durante os próximos cinco anos e vai permitir ainda alinhar a cooperação bilateral com as prioridades nacionais de desenvolvimento e com a visão de um sistema de saúde sustentável, liderado pelo Estado moçambicano.
Na ocasião, o ministro da Saúde Moçambicano, Ussene Isse, que testemunhou a assinatura do novo instrumento, afirmou que o acordo vai criar condições para acelerar a eliminação das principais doenças infecciosas e melhorar a capacidade de resposta do país a emergências de saúde pública.
"[O acordo] representa um marco importante na consolidação do Serviço Nacional de Saúde, ao garantir previsibilidade de financiamento, fortalecimento institucional e maior apropriação nacional dos programas de saúde", disse.
O Ministério da Saúde (Misau) moçambicano explicou, numa nota divulgada hoje, que o novo instrumento estabelece um quadro estratégico orientado para a eliminação do VIH (Vírus Imunodeficiência Humana), da tuberculose e da malária, o reforço da preparação e resposta a emergências sanitárias, bem como o fortalecimento dos sistemas de informação em saúde, com destaque para a implementação do Registo Médico Eletrónico a partir das unidades sanitárias.
"O acordo contempla ainda o reforço da força de trabalho do Serviço Nacional de Saúde, a integração gradual de profissionais atualmente financiados pelo Governo dos EUA, a transição progressiva da aquisição e distribuição de produtos de saúde para a Central de Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM), bem como o fortalecimento da vigilância epidemiológica e da capacidade nacional de resposta a surtos", refere-se.
No domínio da governação de dados, o documento avança ainda que o memorando inclui um Acordo de Partilha de Dados e Amostras, que reconhece os dados de saúde e amostras biológicas de Moçambique como ativos estratégicos nacionais, assegurando a sua utilização em conformidade com a legislação nacional de proteção de dados, a Estratégia de Saúde Digital de 2024 e outros instrumentos legais em vigor.
Segundo o Misau, o financiamento também se foca na eficiência, integração programática e responsabilização institucional, prevendo uma transição progressiva da execução de programas e da gestão de recursos para as instituições nacionais de saúde.
"No âmbito do acordo, os Estados Unidos da América comprometem-se a realizar investimentos plurianuais no setor da saúde, associados a compromissos progressivos de cofinanciamento por parte do Governo de Moçambique, com vista à assunção gradual da responsabilidade financeira e operacional sobre produtos de saúde e recursos humanos até 2030", conclui-se.