Eurodeputados da IL, PS, PSD e CDS destacam foco geopolítico de Von der Leyen
Eurodeputados portugueses da IL, PS, PSD e CDS destacaram esta segunda-feira o foco geopolítico, nomeadamente sobre Gaza, no discurso sobre o Estado da União da presidente da Comissão Europeia, após um "verão politicamente difícil" para a UE.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, proferiu esta manhã, na sessão plenária do Parlamento Europeu, o primeiro discurso sobre o Estado da União do segundo mandato e o quinto do seu percurso europeu, tendo afirmado que a Europa "está em luta" pela paz, democracia e liberdade e pelo seu futuro.
A líder do executivo comunitário defendeu também que a fome provocada por Israel em Gaza "não pode ser uma arma de guerra" e "tem de acabar" e anunciou medidas para aumentar a pressão sobre Telavive, como a suspensão do apoio bilateral, a introdução de sanções contra os ministros extremistas e os colonos judeus violentos e ainda a suspensão parcial do acordo de associação da UE com Telavive no que diz respeito a questões comerciais.
Devido à atualidade, Ursula von der Leyen denunciou ainda a "imprudente violação sem precedentes" de drones russos no espaço aéreo polaco e manifestou "total solidariedade" da UE com a Polónia.
Numa reação ao discurso, o eurodeputado da IL João Cotrim de Figueiredo assinalou, aos jornalistas portugueses, "a desilusão" por este ter sido sobretudo um discurso geopolítico e muito menos focado na economia.
"O dia de hoje podia ter sido um ponto de viragem [...], mas não, voltámos a entrar num discurso de 80 minutos em que [a presidente] dedicou ao crescimento económico e à competitividade, que é o pré-requisito de tudo o resto, 15 ou 20 minutos a meio do discurso", criticou o eleito liberal.
Pelo PS, a eurodeputada Marta Temido apontou que não pode estar satisfeita devido à "situação de risco" na Polónia pela invasão do espaço aéreo pela Rússia ou à "tragédia humanitária que, apesar das palavras e dos anúncios que hoje foram feitos [...], continua a desencadear-se aos olhos de todos" em Gaza provocada pela ofensiva israelita.
"Agora, é evidente que a presidente da Comissão parece ter escolhido um lado, o lado de ouvir as vozes dos europeus", nomeadamente os que "se têm manifestado nas ruas de várias capitais a propósito da tragédia humanitária em Gaza".
Paulo Cunha, do PSD, disse estar "francamente satisfeito" com o discurso do Estado da União da política alemã de centro-direita.
"Temos uma presidente da Comissão muito atenta aos problemas europeus, [que] fez um excelente diagnóstico acerca da situação que se vive na Europa, reconhecendo que se vive uma situação única, sem paralelo na história" dados os conflitos geopolíticos.
Quanto às medidas para pressionar Israel, Paulo Cunha indicou estar seguro de que as propostas "colherão o apoio dos 27 Estados-membros"
Por seu lado, a eurodeputada do CDS, Ana Pedro, disse "entender, mas não apoiar" a suspensão parcial do acordo de associação da UE-Israel, enquanto "entende e apoia" sim as sanções contra os colonos judeus violentos.
"Foi um verão politicamente difícil para a Europa e o que nós vimos aqui, mais do que um exercício de retórica, é também um mapa que nos permite definir politicamente a estratégia da União Europeia para os próximos meses", concluiu Ana Pedro.
Realizado anualmente perante o Parlamento Europeu, o discurso sobre o Estado da União da presidente da Comissão Europeia serve para definir prioridades para a UE no ano que se segue e anunciar novas iniciativas, após uma reflexão sobre o ano que passou.