Europa une esforços para investigar como o ambiente influencia a saúde

O projeto - de nome ENVESONE - envolve vários países e instituições europeias e, nos próximos quatro anos, vai dedicar-se a estudar o impacto da qualidade do ar, do ruído, da poluição luminosa e da presença de resíduos perigosos no bem-estar e na saúde física e mental da população.

Joana Bénard da Costa - RTP /
RTP

O principal objetivo é gerar conhecimento sobre os efeitos da exposição a poluentes ambientais — conhecido por Exposome — na saúde. Para tal, utiliza uma estratégia baseada na participação dos cidadãos e no desenvolvimento de ferramentas que apoiem a tomada de decisões políticas, a fim de facilitar a potencial implementação de novas medidas legislativas para proteger a saúde da população nas diferentes fases da vida.

O ENVESOME (The ENVironmental ExpoSOME and Health - sigla em inglês) é financiado pela Comissão Europeia, visa elucidar as principais fontes de exposição ambiental e e os fatores subjacentes aos resultados adversos que provoca na saúde humana.


É sabido que os fatores ambientais contribuem para o aumento das doenças crónicas, tanto respiratórias como cardiovasculares, mas há crescentes evidências científicas do seu impacto também no desenvolvimento de outros distúrbios, como a qualidade do sono e a saúde mental.

Durante estes quatro anos de trabalho, o projeto vai procurar identificar as associações entre a exposição e a doença e os possíveis mecanismos biológicos envolvidos no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, respiratórias, metabólicas e neurodegenerativas, processos de neurotoxicidade, assim como no desenvolvimento de perturbações do sono ou mentais.

O coordenador do projeto e diretor da National Hellenic Research Foundation, Dimosthenis Sarigiannis, em comunicado agora divulgado pela NHRF, afirma que o“ENVESOME visa "ligar os pontos entre o nosso ambiente e o nosso bem-estar. Ao analisar tudo, desde a poluição do ar e o ruído até à luz e aos produtos químicos, podemos compreender o impacto combinado como nunca antes. O nosso objetivo é transformar esta ciência em soluções práticas – ajudando as pessoas a terem vidas mais saudáveis e a construir comunidades mais sustentáveis para as gerações futuras".



Além dos estudos, o projeto vai ainda fornecer ferramentas concretas: Uma aplicação móvel para os cidadãos – para saber mais sobre a exposição pessoal à poluição e a melhor forma de se protegerem; Um sistema de apoio à decisão para os decisores políticos – uma plataforma alimentada por IA para orientar as autoridades na tomada de decisões informadas e melhorar as regulamentações de saúde ambiental e um chatbot sobre poluição e saúde para profissionais de saúde – para fornecer aos médicos e enfermeiros orientações atualizadas sobre os efeitos das exposições ambientais na saúde dos doentes.

Ao testar estas ferramentas em cenários do mundo real (estudos de caso urbanos e “laboratórios vivos”), o projeto irá avaliar a sua eficácia na redução da exposição e na melhoria dos resultados de saúde.

O projeto é liderado pela National Hellenic Research Foundation, na Grécia, mas envolve diferentes países e instituições, nomeadamente o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Sabe-se que os fatores ambientais desempenham um papel importante nas doenças atuais. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 12,6 milhões de pessoas morrem por ano pelo facto de viverem ou trabalharem em ambientes insalubres – quase uma em cada quatro mortes a nível global.

Tradicionalmente, os cientistas e os reguladores abordam questões como a qualidade do ar ou o ruído de forma isolada, concentrando-se numa exposição de cada vez. Contudo, as pessoas são frequentemente expostas a vários poluentes e fatores em simultâneo, e essas exposições combinadas podem ter um impacto maior na saúde do que cada fator isoladamente.

É aqui que entra o conceito do exposoma. Em vez de examinar os riscos ambientais um a um, a abordagem do exposoma estuda todas as exposições que um indivíduo enfrenta desde a conceção, passando pela infância e pela idade adulta até à velhice.

Se o genoma humano é como um mapa de todos os nossos genes, o exposoma, de uma forma simples, "é um mapa de todas as nossas influências ambientais – o que respiramos, comemos, bebemos e experienciamos no nosso ambiente e ao longo da nossa vida. Ao captar esta “impressão digital ambiental” completa de uma pessoa, os cientistas podem compreender melhor como diferentes fatores interagem e se combinam para afetar a nossa saúde", conclui o comunicado da NHRF.

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