O C-130 da Força Aérea Portuguesa já transportou para a Sicília 134 pessoas, 80 portugueses e 34 cidadãos estrangeiros, devendo regressar esta terça-feira a Tripoli para dai retirar mais cidadãos nacionais que querem fugir ao clima de guerra civil que se instalou nesse país africano.
Conseguiram sair da Líbia quando a situação se tornava insustentável (ver artigo no site). 80 portugueses e 34 cidadãos estrangeiros embarcaram no imponente avião de transporte da Força Aérea Portuguesa enviada pelo governo luso para evacuar os seus cidadãos do país onde Kadhafi vê a sua permanência como presidente periclitar face à persistência da oposição.
Para trás ficaram momentos que foram muito complicados. Cânticos dos manifestantes que exigem a demissão do Presidente Líbio e tiros de artilharia mais pesada são sons que ficaram gravados, quem sabe para sempre, na memória daqueles que embarcaram rumo à base militar da NATO na Sicília.
"Na nossa última noite lá ouvia-se, de casa, cânticos dos manifestantes mas principalmente tiros, alguns deles pareciam de artilharia mais pesada", relatava Pedro Conde, um dos portugueses que anos depois de chegar ao território norte africano fez o caminho inverso.
Na Líbia o cenário não era o melhor como relata o jovem português. "Estava quase tudo fechado, muito menos pessoas na rua, vi um edifício governamental a arder e pude ainda ver alguns carros incendiados", indicou.
No aeroporto estava "muita gente, a tentar sair o mais depressa possível do país", concluiu.
Hércules regressa a Tripoli
O Hércules da Força Aérea Portuguesa regressa esta terça-feira à capital líbia para evacuar mais portugueses.
Em Benghazi, cidade do leste líbio que se encontra nas mãos dos opositores de Kadhafi e onde se têm registado fortes combates, a evacuação dos cidadãos nacionais não poderá ser feita por via aérea. A pista que serve a cidade está inutilizada e inacessível a um avião de grande porte como o C-130.
O governo português teve de arranjar uma alternativa e decidiu evacuar os seus cidadãos por via marítima. Sairão da cidade ocupada de barco em direção à Grécia onde terão os diplomatas portugueses para os receber.
"Uma vez que a pista está inoperacional e à falta de interlocutores, vamos encontrar uma alternativa para retirar os portugueses que estão em Benghazi e que passará pela saída através de um navio para a Grécia", explicou fonte da secretaria de Estado das Comunidades.
A embaixada de Portugal em Atenas, na Grécia foi entretanto mobilizada para receber e dar apoio a esses cidadãos nacionais que saiam de Benghazi de navio.