Ex-chanceler Gerhard Schroeder diz que alguns Estados-membros da UE têm interesses anti-russos
O antigo chanceler alemão Gerhard Schroeder considerou hoje em Moscovo que na União Europeia "há tendências" através das quais se manifestam os "interesses anti-russos" de alguns Estados-membros dos 27.
"A UE deve libertar-se, pôr de lado os interesses nacionalistas mesquinhos, libertar-se dessa tendência", acrescentou Schroeder no lançamento do seu livro de memórias "Decisões: a minha vida na política", que se realizou numa das livrarias de Moscovo.
Segundo Gerhard Schroeder, "o futuro das relações entre a Rússia e a UE dependerá da capacidade de convencer os membros da União Europeia disso", sublinhando que "ser membro da UE significa também ter presente os interesses comuns".
Numa entrevista concedida à rádio Eco de Moscovo, realizada depois do lançamento do livro, o antigo chanceler alemão considerou um "exagero" a instalação futura de elementos do sistema de defesa antimíssil norte-americano na Europa Oriental.
"Isso pode servir de estímulo para um novo ciclo de corrida aos armamentos e, por isso, espero que seja possível impedir essa decisão", frisou Schroeder.
Na abordagem da solução do problema do Kosovo, Herard Schroeder apelou a que nenhuma das partes se lance em precipitações.
"Esse problema só pode ser resolvido no quadro do consenso de todas as partes do processo, consenso que só poderá ser conseguido através de aturadas conversações", declarou Schroeder, considerando que "os europeus, norte-americanos e russos só poderão elaborar uma solução aceitável para todos juntamento com os sérvios".
Gerhard Schroeder, que actualmente dirige a empresa russo-alemã "Nord Stream", encarregada de construir um gasoduto que ligará a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico, considerou que o novo tubo "não prejudicará os interesses de ninguém".
"Presentemente, a Europa consome cerca de 500 mil milhões de metros cúbicos de gás; em 2015, o nível de consumo será de 700 mil milhões", explicou Schroeder, frisando que o combustível será transportado também por outros gasodutos.
Schroeder respondia assim a países como a Polónia e a Ucrânia que consideram que a construção do "Nord Stream" poderá desviar o transporte do gás russo que actualmente é transportado para a Europa através dos seus territórios.
O antigo dirigente alemão refutou também a acusação de que faz lobby a favor da Rússia no projecto do "Nord Stream".
"Isso é uma estupidez. O fornecimento de gás à Europa tem interesse para todos nós e não só para a Rússia. Precisamos de gás, a Rússia necessita de garantir a exportação, nós dependemos absolutamente uns dos outros, não se trata de dependência unilateral, mas mútua".