Ex-presidente da Petrobras e Banco do Brasil detido na Operação Lava Jato

por RTP
Bendine foi detido no Estado de São Paulo Paulo Whitaker - Reuters

O ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine foi ontem detido pela polícia federal no âmbito da 42ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Cobra.

De acordo com o Ministério Público Federal, o acusado teria solicitado à empreiteira Odebrecht 17 milhões de reais (cerca de 4,6 milhões de euros) no período em que dirigiu o Banco do Brasil, entre 2009 e 2015, para viabilizar o adiamento da dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.

Segundo os executivos da empresa, o valor não chegou a ser pago, devido a dúvidas sobre a capacidade de Bendine para conseguir de facto a alteração da dívida.

A 6 de fevereiro de 2015, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, Aldemir Bendine teria novamente solicitado luvas à Odebrecht com a justificação de proteger a empreiteira das consequências da Lava Jato. O valor recebido da empresa teria sido, então, de três milhões de reais (cerca de 815 mil euros).

Segundo a Procuradoria brasileira, "o valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de 1 milhão de reais (cerca de 271 mil euros) cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1.º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht".

Bendine foi detido no Estado de São Paulo. Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária no Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Lava Jato
A Operação Lava Jato foi desencadeada pela Polícia Federal do Brasil a 17 de março de 2014, inicialmente com o objetivo de investigar indícios de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Ao longo da operação, que recebeu seu nome devido a um posto de gasolina investigado na capital Brasília, foi descoberto um enorme esquema de corrupção que inclui políticos, a Petrobras e grandes empreiteiras do país.

Ao abrigo deste esquema, os executivos da Petrobras solicitariam dinheiro das empreiteiras para facilitar as negociações que as beneficiariam. Os contratos eram sobrefaturados tendo em vista desviar os recursos públicos para operadores do esquema encarregados de lavar e distribuir o dinheiro por uma série de políticos e funcionários públicos.

Segundo dados da Polícia Federal, até janeiro deste ano foram concretizadas 79 prisões preventivas e 103 temporárias e 57 acusações criminais contra 260 pessoas, além de 125 condenações.

A rede de luvas chega a 6,4 mil milhões de reais (cerca de 1,7 mil milhões de euros). O arresto de bens dos réus totaliza 3,2 mil milhões (cerca de 869 milhões de euros). O Ministério Público Federal pediu o ressarcimento de 38,1 mil milhões (cerca de dez mil milhões de euros), incluindo as multas às empresas envolvidas.
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