Ex-presidentes da Colômbia instam Petro a dar "definição clara" da relação com Maduro

Os ex-presidentes da Colômbia Álvaro Uribe e Andrés Pastrana instaram o atual mandatário, Gustavo Petro, a dar uma "definição clara" da relação com homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, que designaram como "chefe do Cartel de Los Soles".

Lusa /
Presidente da Colômbia Gustavo Petro Foto: Reuters

"Exigimos ao senhor Presidente Petro uma definição clara da sua relação com o chefe do Cartel de Los Soles, Nicolás Maduro Moros, bem como uma explicação do chamado Pacto de La Picota e da consequente coincidência das conversações posteriores denominadas Paz Total com grupos de organizações criminosas do narcotráfico disfarçadas com estatuto político", afirmaram na segunda-feira Uribe e Pastrana numa declaração conjunta.

La Picota é um centro penitenciário em Bogotá, onde o ex-alto comissário para a Paz, Danilo Rueda, e o irmão mais novo de Petro, Juan Fernando Petro Urrego, se reuniram com vários presos, coincidindo com o período de campanha eleitoral das últimas presidenciais em 2022.

Os dois ex-chefes de Estado relacionam ainda esses encontros com a chamada lei da "paz total", que permitiu ao Governo colombiano dialogar com grupos armados desde o final desse ano, em que Petro foi eleito.

Pastrana e Uribe justificam a declaração alegando um "sentido patriótico e profunda preocupação" em plena crise diplomática entre a Colômbia e os Estados Unidos, ligando o pedido de explicações a Petro detalhado no texto com a acusação feita pelo inquilino da Casa Branca, Donald Trump, que definiu o Presidente colombiano como "líder do narcotráfico".

Petro escusou-se a responder à carta por alegado "respeito à justiça da Colômbia", criticando ainda os "dois ex-presidentes suspeitos de ligações com um dos maiores negócios da Colômbia", e sublinhando que "um deles foi condenado e cumpre pena", numa referência a Uribe, condenado a doze anos de prisão domiciliária por suborno de testemunhas e fraude processual.

A declaração dos dois ex-governantes surgiu no contexto da suspensão da ajuda à Colômbia decretada pelo Presidente norte-americano no passado domingo, uma assistência que Donald Trump classificou como "fraude a longo prazo", em declarações nas quais ameaçou mesmo com uma intervenção militar direta, se Petro não fechar imediatamente as zonas de produção de drogas no país latino-americano.

Petro afirmou em resposta que Trump está a ser enganado pelos "seus conselheiros", garantindo a Washington que ele, enquanto Presidente colombiano, é o principal inimigo dos "narcos" do país.

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