Ex-primeira-ministra e candidata no Bangladesh Khaleda Zia morre aos 80 anos
A ex-primeira-ministra do Bangladesh e candidata às eleições legislativas de 2026, Khaleda Zia, faleceu hoje, aos 80 anos, vítima de uma doença crónica, confirmou o partido que liderou.
"A nossa amada líder nacional, Khaleda Zia, já não está entre nós. Hoje, às 06:00 da manhã [00:00 em Lisboa], deixou-nos", disse o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), na rede social Facebook.
Zia estava internada a receber tratamento no Hospital Evercare, em Daca, desde o início de dezembro.
De acordo com o jornal Daily Star, do Bangladesh, a ex-chefe do Executivo sofria de problemas cardíacos, doenças hepáticas e renais, diabetes, "além das questões pulmonares".
A saúde de Khaleda Zia deteriorou-se desde que foi detida em 2018, durante o governo da antiga rival, Sheikh Hasina, que a proibiu de sair do país para tratamento médico.
Hasina, de 78 anos, governou o Bangladesh entre 2006 e 2024, ano em que foi destituída e se exilou na Índia. Este ano, foi condenada à morte à revelia no Bangladesh pela repressão de manifestações contra o seu Governo.
Khaleda Zia foi libertada em 2024, após a destituição de Hasina, tendo-se deslocado a Londres para tratamentos médicos.
Em 04 de dezembro, Zahid Hossain, médico do Hospital Evercare, disse que Zia iria ser transferida para Londres num avião da família real do Qatar, devido ao agravamento do estado de saúde.
Apesar da saúde debilitada, Khaleda Zia anunciou que pretendia liderar a campanha do BNP para as eleições parlamentares marcadas para o início de fevereiro de 2026.
A primeira mulher a governar o Bangladesh, em 1991, Zia ocupou o cargo de primeira-ministra por três vezes (1991-1996, três meses em 1996 e entre 2001 e 2006).
O filho de Zia, Tariq Rahman, líder da oposição e chefe interino do BNP, regressou ao Bangladesh em 25 de dezembro após quase 17 anos de exílio e semanas antes das eleições gerais.
Líderes e membros do BNP, que está entre os favoritos nas eleições, estiveram entre os milhares que se reuniram nas ruas que conduzem ao aeroporto internacional da capital, transportando faixas e entoando frases para dar as boas-vindas a Rahman, que chegou de Londres.
As forças de segurança e o exército mobilizaram uma grande operação para manter a ordem.
Após a chegada, Rahman falou por telefone com o chefe do Governo interino, o Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, segundo o BNP.
Rahman lidera o partido do exílio desde 2008, depois de ter enfrentado várias condenações e ter abandonado o Bangladesh devido a intensos confrontos políticos com sucessivos governos.
O Bangladesh é liderado por um Governo interino estabelecido após os protestos de 2024 que fizeram mais de 1.400 mortos e forçaram a demissão em agosto de Hasina, que fugiu para a Índia.