Ex-rebeldes suspendem participação no Governo do Burundi

Os antigos rebeldes hutus do Burundi suspenderam a participação no Conselho de Ministros, em protesto pela lentidão do processo de paz no país, informaram emissoras locais de rádio.

Agência LUSA /

A rádio RTNB, citada pelo Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), noticiou que as Forças para a Defesa da Democracia (FDD), partido político liderado por Pierre Nkurunziza, suspenderam a participação nas reuniões ministeriais.

Um porta-voz das FDD indicou que a medida é aplicada por tempo "indefinido" e inclui a suspensão de qualquer contacto com o Presidente burundês, Domitien Ndayizeye, "até que este aceda a respeitar na totalidade o acordo de paz".

A decisão ocorre alguns dias depois de os chefes de Estado da região terem concordado em adiar, pela segunda vez, o calendário eleitoral, que inclui eleições locais, legislativas e finalmente presidenciais e deviam ter-se realizado este mês.

Os líderes acordaram em alargar o período de transição até 26 de Agosto, data em que o novo chefe de Estado eleito deve tomar posse.

A decisão das FDD, que acusam o principal partido no poder de retardar o processo eleitoral por recear uma derrota, constitui o segundo boicote dos antigos rebeldes contra as instituições burundesas.

Entre Maio e Julho de 2004, as FDD abandonaram todas as instituições em que participavam, nos termos do acordo de paz firmado com o Governo em Dezembro de 2003 e que renovou as expectativas de fim de um conflito que, desde 1993, vitimou mais de 250.000 pessoas.

As FDD constituíam o maior grupo rebelde hutu em dimensão e capacidade operacional entre todos os que lutaram durante uma década contra o Governo.

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