Ex-sócios do Montepio que aguardam pagamento de descontos são na maioria moçambicanos residentes no país
Maputo, 28 Fev (Lusa) - A maioria dos sócios do extinto Montepio de Moçambique, que desde a independência do país em 1975 reclamam a devolução dos descontos feitos até então para a instituição, são moçambicanos residentes país.
De acordo com fonte conhecedora do processo, ouvida pela Agência Lusa, os 2.300 ex-sócios daquela antiga instituição financeira,que funcionou durante o período colonial, pertenciam na sua esmagadora maioria à categoria de assimilados (cidadãos indígenas que adquiriam a cidadania portuguesa mediante a escolarização).
O executivo moçambicano comprometeu-se a pagar este ano os 40 milhões de meticais (1,1 milhão de euros) da dívida aos antigos sócios do extinto Montepio de Moçambique.
Citado hoje na imprensa moçambicana, o ministro das Finanças, Manuel Chang, afirmou que o montante já está previsto no Orçamento do Estado para o presente ano.
"Nós estamos a trabalhar com eles [ex-sócios] já há algum tempo e acordámos, no ano passado, que íamos pagar este ano, porque no ano passado não tínhamos o valor no orçamento. Portanto, vamos pagar ainda este ano, durante o primeiro semestre", garantiu o ministro moçambicano das Finanças.
No tempo colonial, o desconto para o Montepio de Moçambique era obrigatório para os funcionários do Estado, que recebiam como contrapartida, entre outros benefícios, facilidades de acesso a habitação, crédito para construção, pensão de sobrevivência e renda vitalícia.
Após a independência de Moçambique, em 1975, o Montepio foi extinto, dando lugar ao Banco Popular de Desenvolvimento (BPD).
No processo de transição, não foram contabilizadas as contribuições feitas pelos funcionários do Estado até 1975, sendo esta a principal reclamação dos antigos sócios do Montepio.
Face a anos de problemas na gestão da instituição, o Governo - então presidido já por Joaquim Chissano - alienou o BPD a privados, passando a chamar-se Banco Comercial de Moçambique, cujas acções foram posteriormente adquiridas pelo Millenium bim, detido pelo banco português Millenium BCP.
Em declarações aos jornalistas, Manuel Chang referiu que o processo de pagamento poderá durar três meses, até Junho do presente ano, e cada beneficiário vai receber o dinheiro a que tem direito de uma e única vez.
"O valor está previsto no Orçamento de 2008", disse, explicando que a demora na satisfação da reivindicação se deveu também à complexidade do processo.
MMT.
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