Exército chinês justifica purgas de altos comandos para preservar "pureza e honra"

As recentes purgas no seio do Exército de Libertação Popular visam reafirmar a política de "tolerância zero" à corrupção e preservar o "caráter, pureza e honra" das Forças Armadas, segundo o jornal oficial do Exército chinês.

Lusa /
Li Gang - Xinhua via EPA

"Todo o Exército deve apoiar firmemente a decisão do Comité Central, unificar o pensamento e a compreensão, fortalecer a confiança e manter-se absolutamente alinhado, em pensamento, política e ação, com o Comité Central do Partido, com [o Presidente chinês] Xi Jinping no centro", escreveu hoje o PLA Daily, em editorial.

Na quinta-feira, o Comité Central do Partido Comunista Chinês confirmou a expulsão de vários altos quadros militares e civis, incluindo o general He Weidong, até então vice-presidente da Comissão Militar Central (CMC) - o órgão máximo de comando das Forças Armadas -, o almirante Miao Hua, ex-chefe do trabalho político do Exército, e o ex-ministro da Agricultura, Tang Renjian, condenado por aceitar subornos milionários.

O PLA Daily afirmou que "não pode haver refúgio para a corrupção" nas forças armadas e alertou que ainda persistem fatores que "minam a liderança absoluta" do Partido e "corroem o caráter político" do Exército.

"Investigar e erradicar em profundidade figuras corruptas como He Weidong e Miao Hua prolonga a campanha de retificação e anticorrupção iniciada no 18.º Congresso do Partido e aprofunda a reconstrução moral do Exército, eliminando riscos políticos graves e consolidando a sua pureza e honra", lê-se no editorial.

O jornal reiterou que o Exército "pertence ao Partido e ao povo" e que é "incompatível com a corrupção", defendendo que a campanha anticorrupção "afeta diretamente a liderança absoluta do Partido sobre os militares, a missão e natureza do Exército e a estabilidade de longo prazo do Partido e do Estado".

"É uma batalha política que não pode ser perdida. Punir severamente os corruptos demonstra a força do Partido e do Exército: quanto mais se combate a corrupção, mais fortes, puros e combativos nos tornamos", acrescentou o editorial, que também apela para a formação de "quadros leais, íntegros e competentes".

As investigações por corrupção têm atingido vários setores das forças armadas, incluindo a Força de Foguetes - responsável pelo arsenal nuclear da China - e já provocaram a queda dos dois ministros da Defesa anteriores, bem como de altos quadros ligados às áreas de armamento e aquisições militares.

Em julho, a Comissão Militar Central emitiu novas diretrizes para reforçar a "lealdade política" e a integridade dentro das fileiras militares, num contexto de crescente vigilância e centralização sob a liderança de Xi Jinping.

Especialistas em assuntos militares advertiram que estas purgas podem afetar os esforços de modernização das Forças Armadas e a sua preparação para potenciais cenários de conflito, incluindo uma eventual crise em torno de Taiwan - território que Pequim considera "parte inalienável" da China.

 

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