Exército do Paquistão captura rosto da guerrilha taliban no Vale de Swat

As forças paquistanesas apertaram esta sexta-feira o cerco aos bastiões islamistas da Província da Fronteira Noroeste com a captura do porta-voz taliban Muslim Khan e de outros quatro comandantes da guerrilha. A ofensiva no Vale de Swat, que decorre há quatro meses, infligiu mais de duas mil baixas aos rebeldes, enquanto o Exército do Paquistão perdeu 300 soldados.

RTP /
"Não haverá negociações com terroristas", garantiu em Islamabad o ministro paquistanês do Interior, Rehman Malik Rashid Iqbal, EPA

Encostado à linha de fronteira com o Afeganistão, o Vale de Swat absorve desde Abril os esforços do Exército de Islamabad na perseguição às chefias taliban em solo paquistanês. A ofensiva estende-se ao Waziristão do Sul, onde o líder islamista Baitullah Mehsud foi abatido há um mês pelos mísseis de um avião não tripulado dos Estados Unidos. A máquina militar paquistanesa garante que está prestes a esmagar as derradeiras bolsas da guerrilha, embora continue a encontrar resistência.

No último golpe desferido aos rebeldes, as forças paquistanesas capturaram cinco figuras de topo na hierarquia taliban: o porta-voz Muslim Khan, que era há vários meses o rosto da guerrilha no Vale do Swat, e os comandantes Mahmood Khan, Fazle Ghaffar, Abdul Rehman e Sartaj Ali.

Ao longo de vários meses, foi a voz de Muslim Khan que reivindicou muitos dos ataques desencadeados pelos taliban, sobrepondo-se à do furtivo clérigo Fazlullah, líder local dos rebeldes. Em Abril, pouco antes do início da ofensiva do Exército paquistanês, o porta-voz da guerrilha afirmava à agência Associated Press que Usama bin Laden poderia sempre encontrar refúgio no Vale de Swat, onde os taliban e a Al Qaeda prosseguiam objectivos comuns. As declarações começaram a escassear com a progressão das tropas paquistanesas.

"Não haverá negociações com terroristas"
Depois de confirmar a captura de Muslim, o ministro paquistanês do Interior, Rehman Malik, deixou um aviso aos militantes islamistas que ainda oferecem resistência em Swat e no Waziristão do Sul: "Vão ser mortos ou capturados".

Segundo o jornal paquistanês The News, os cinco homens teriam sido detidos em plena capital paquistanesa quando se encontravam a negociar com responsáveis do Exército. Rehman Malik desmente o jornal anglófono e assegura que os islamistas não foram atraídos por qualquer engodo.

"Esta tem sido a nossa política desde o primeiro dia, quando começámos a operação. Não haverá negociações com terroristas", declarou o governante paquistanês.

Combates em Khyber
O Exército paquistanês está também a manobrar em Khyber. É a partir desta zona que os combatentes taliban têm atacado as linhas de abastecimento das forças internacionais destacadas no Afeganistão. Segundo as chefias militares de Islamabad, perto de 130 islamistas foram abatidos em combates naquela região, sobretudo no distrito de Bara.

No Waziristão do Sul, a mais longínqua das sete regiões dominadas pela etnia pashtun, Islamabad garante que já conseguiu isolar o principal grupo de combatentes taliban.

O ascendente da guerrilha taliban no início do ano levou Estados Unidos e aliados a expressarem receios não só quanto à viabilidade da própria arquitectura institucional do Paquistão mas também sobre a segurança do armamento nuclear do país. Washington chegou mesmo a dizer que o Governo paquistanês parecia ser incapaz de travar o recrudescimento dos rebeldes islamistas. Nas últimas semanas, as críticas deram lugar a elogios.

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