Exército vai patrulhar ruas do Rio de Janeiro

por Inês Geraldo - RTP
Reuters

Michel Temer assinou esta sexta-feira um decreto que autoriza o exército brasileiro a sair às ruas do Rio de Janeiro para combater a crescente vaga de criminalidade na cidade carioca. O general Braga Netto foi escolhido pelo presidente brasileiro para ser o principal obreiro da medida de intervenção na segurança pública de uma das maiores cidades do Brasil.

Depois de assinar o documento, Michel Temer endereçou um discurso televisivo ao país onde criticou duramente a atuação dos criminosos no Brasil, que descreveu como "metástases que se espalham para ameaçar a tranquilidade do povo brasileiro".

O presidente reconheceu que a medida é “extrema” e realçou que não quer que a criminalidade "mate o presente" e continue a "assassinar o futuro". Na habitação oficial de Michel Temer, o presidente criticou o crime que está a tomar conta do Rio de Janeiro.

"[O crime] é uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do povo. Por isso, acabamos de decretar neste momento a intervenção federal na área da segurança pública do Rio de Janeiro", declarou Temer.
Violência cresceu 26 por cento desde 2015
De acordo com a nova medida, a intervenção militar é para se manter até 31 de dezembro, podendo ser terminada quando a situação fique normalizada. O presidente da Prefeitura do Rio de Janeiro, Rodrigo Maia, afirmou que a medida decretada é dura mas que é necessária tendo em conta a situação que se vive no Rio.

A violência na cidade carioca tem subido exponencialmente nos últimos três anos, com um crescimento de oito por cento no último ano. Desde 2015 que a estatística deu um salto de 26 por cento, de acordo com os números anunciados pelo governo estatal do Rio de Janeiro.

Não é a primeira vez que as forças militares são chamadas à rua para tentar acalmar os picos de violência, especialmente nas zonas mais pobres da cidade. Essa zona tem sido palco de confrontos entre gangs traficantes de droga e milícias paramilitares que também se defrontam com a polícia.

Diariamente ocorrem tiroteios que se têm espalhado para outras zonas do Rio Janeiro, mais prósperas e que são consideradas de maior segurança. Durante o Carnaval, a maior festividade do Brasil, foram recolhidas várias imagens que mostravam turistas a serem assaltados.
Decreto faz a primeira baixa
Depois do anúncio de Michel Temer, o secretário da Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, anunciou a renúncia ao cargo e revelou que o posto vai ser entregue ao governador Luiz Fernando Pezão.

Em declarações à Rede Globo, Roberto Sá explicou que, após ter conhecimento do decreto de intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, decidiu dar por terminada a sua função e passar a mesma a outra pessoa.

Fontes do governo estadual do Rio de Janeiro anunciaram que Roberto Sá vai manter-se no cargo até que seja iniciada a intervenção militar. O secretário da segurança declarou que não foi devido à sua gestão que a situação de violência tenha atingido números preocupantes, declarando que a situação se deve primordialmente à falta de fundos.

Primeira intervenção do género
De acordo com o Palácio do Planalto, esta é a primeira vez que existe uma intervenção deste género. A medida precisa de ser aprovada pelo Conselho de Defesa Nacional para depois ser submetida à aprovação no Congresso Nacional. Aí, poderá ser mantida ou rejeitada.

A intervenção militar no Rio de Janeiro foi decidida na última quinta-feira, numa reunião entre Michel Temer o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.
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