Mundo
Guerra na Ucrânia
"Explosivos camuflados". Brinquedos sexuais e cosméticos usados em sabotagem russa
Em abril foram revelados os principais elementos de um alegado plano russo de sabotagem: cosméticos falsificados, almofadas de massagem e brinquedos sexuais, usados como explosivos. O esquema foi, entretanto desmantelado, mas uma investigação desvenda agora como funcionavam as operações que envolviam detonações em pacotes entregues em países europeus e nos Estados Unidos.
As embalagens estavam camufladas por artigos aparentemente inofensivos, como embalagens de cosméticos, almofadas de massagem, lubrificantes e até brinquedos sexuais, mas escondiam dispositivos artesanais feitos com produtos químicos, preparados para detonação.
Uma investigação divulgada esta segunda-feira pelo jornal britânico The Guardian revela novos detalhes sobre a campanha de sabotagem que tudo indica ser perpetrada pela GRU, os serviços secretos russos, envolvendo o envio de encomendas disfarçadas que continham explosivos. O russo Alexander Bezrukavyi é considerado o principal responsável pela operação, coordenada a partir de solo europeu.
Bezrukavyi cresceu em Rostov-on-Don, uma cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia, e os registos judiciais sugerem um longo histórico de crimes violentos, tendo enfrentado diversas acusações criminais, incluindo porte ilegal de armas, arrombamento, roubo e crimes relacionados a drogas. Como funcionava o plano de sabotagem?
Bezrukavyi esteve a monte mais de três meses, enquanto os serviços de segurança europeus o investigavam pelas suspeitas de estar a trabalhar para a agência de inteligência militar da Rússia, a GRU, e de recrutar indivíduos para colaborar através do Telegram. As investigações levaram à identificação de uma rede coordenada por um utilizador da aplicação que se identificava como “Warrior”, sendo alegadamente um agente da GRU.
Eram recrutados indivíduos com antecedentes criminais e com dificuldades financeiras, tendo sido identificados entre os suspeitos cidadãos ucranianos e russos, ligados a redes criminosas e ao contrabando transfronteiriço. O serviço de transporte de encomendas entre países europeus era pago em criptomoedas.
As operações culminaram, adianta o jornal britânico, quando foram detidos vários suspeitos em diferentes países. O russo de 44 anos foi detido na Bósnia, quando ficou alojado numa pequena casa de hóspedes numa cidade fronteiriça, e dias depois de ter saído da Croácia e atravessado a pé as florestas Balcãs para se esconder ilegalmente em território bósnio.
A detenção de Bezrukavyi, em novembro passado, foi integrada numa operação liderada pela Polónia, que tinha como alvo uma suposta rede criminosa apoiada pela Rússia e que as autoridades europeias acusam de enviar pacotes com explosivos camuflados em aviões de carga pela Europa – o que chegou a provocar incêndios na Alemanha, no Reino Unido e na Polónia. Segundo a investigação, o russo seria responsável pelos carregamentos de explosivos com destino aos Estados Unidos e ao Canadá.
Autoridades ocidentais acreditam que estes pacotes disfarçados de produtos inofensivos terão causado um acidente de avião e várias vítimas. Washington ficou em alerta e os altos responsáveis da administração Biden, na altura, contactaram o Kremlin para exigir diretamente que parasse a operação.
“Um russo escondido na Bósnia-Herzegovina, suspeito de coordenar atos de sabotagem contra a Polónia, os EUA e outros aliados, foi extraditado para a Polónia e preso por ordem judicial”, escreveu o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, na rede social X em fevereiro.
Também o ministro polaco do Interior descreveu esta extradição como “um duro golpe para a rede de sabotagem russa na Europa”.
A investigação do Guardian apurou que o grupo do qual Bezrukavyi fazia parte operava a partir da Polónia e da Lituânia e era responsável pelo envio de várias encomendas por via aérea, algumas das quais explodiram em locais como Birmingham, Leipzig e nos arredores de Varsóvia.
De acordo com autoridades polacas, o plano não visava apenas a Europa, tendo havido tentativas de envio de encomendas para os Estados Unidos e Canadá, numa possível preparação para atos de sabotagem de maior escala. As autoridades acreditam que algumas dessas remessas funcionavam como experiências logísticas, com bens como roupa desportiva, para aferir tempos de entrega e reações alfandegárias. Uma das formas de envio era através da empresa alemã DHL.
A operação de investigação e detenção envolveu autoridades de diversos países europeus, incluindo a Polónia, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Lituânia e Bósnia-Herzegovina.
Chefes de segurança europeus divulgaram os incidentes, como incêncidios provocados pelos explosivos, em outubro, descrevendo-os como parte de uma "guerra híbrida" travada pela Rússia para desestabilizar o funcionamento de países que apoiam a Ucrânia e envolvendo táticas como incêndios criminosos e ataques cibernéticos.
Bezrukavyi cresceu em Rostov-on-Don, uma cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia, e os registos judiciais sugerem um longo histórico de crimes violentos, tendo enfrentado diversas acusações criminais, incluindo porte ilegal de armas, arrombamento, roubo e crimes relacionados a drogas. Como funcionava o plano de sabotagem?
Bezrukavyi esteve a monte mais de três meses, enquanto os serviços de segurança europeus o investigavam pelas suspeitas de estar a trabalhar para a agência de inteligência militar da Rússia, a GRU, e de recrutar indivíduos para colaborar através do Telegram. As investigações levaram à identificação de uma rede coordenada por um utilizador da aplicação que se identificava como “Warrior”, sendo alegadamente um agente da GRU.
Eram recrutados indivíduos com antecedentes criminais e com dificuldades financeiras, tendo sido identificados entre os suspeitos cidadãos ucranianos e russos, ligados a redes criminosas e ao contrabando transfronteiriço. O serviço de transporte de encomendas entre países europeus era pago em criptomoedas.
As operações culminaram, adianta o jornal britânico, quando foram detidos vários suspeitos em diferentes países. O russo de 44 anos foi detido na Bósnia, quando ficou alojado numa pequena casa de hóspedes numa cidade fronteiriça, e dias depois de ter saído da Croácia e atravessado a pé as florestas Balcãs para se esconder ilegalmente em território bósnio.
A detenção de Bezrukavyi, em novembro passado, foi integrada numa operação liderada pela Polónia, que tinha como alvo uma suposta rede criminosa apoiada pela Rússia e que as autoridades europeias acusam de enviar pacotes com explosivos camuflados em aviões de carga pela Europa – o que chegou a provocar incêndios na Alemanha, no Reino Unido e na Polónia. Segundo a investigação, o russo seria responsável pelos carregamentos de explosivos com destino aos Estados Unidos e ao Canadá.
Autoridades ocidentais acreditam que estes pacotes disfarçados de produtos inofensivos terão causado um acidente de avião e várias vítimas. Washington ficou em alerta e os altos responsáveis da administração Biden, na altura, contactaram o Kremlin para exigir diretamente que parasse a operação.
“Um russo escondido na Bósnia-Herzegovina, suspeito de coordenar atos de sabotagem contra a Polónia, os EUA e outros aliados, foi extraditado para a Polónia e preso por ordem judicial”, escreveu o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, na rede social X em fevereiro.
Também o ministro polaco do Interior descreveu esta extradição como “um duro golpe para a rede de sabotagem russa na Europa”.
A investigação do Guardian apurou que o grupo do qual Bezrukavyi fazia parte operava a partir da Polónia e da Lituânia e era responsável pelo envio de várias encomendas por via aérea, algumas das quais explodiram em locais como Birmingham, Leipzig e nos arredores de Varsóvia.
O conteúdo dos pacotes, aparentemente inócuo, incluía vibradores, almofadas de massagens e cosméticos, muitos adaptados para conter substâncias inflamáveis como magnésio ou nitrometano.
De acordo com autoridades polacas, o plano não visava apenas a Europa, tendo havido tentativas de envio de encomendas para os Estados Unidos e Canadá, numa possível preparação para atos de sabotagem de maior escala. As autoridades acreditam que algumas dessas remessas funcionavam como experiências logísticas, com bens como roupa desportiva, para aferir tempos de entrega e reações alfandegárias. Uma das formas de envio era através da empresa alemã DHL.
A operação de investigação e detenção envolveu autoridades de diversos países europeus, incluindo a Polónia, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Lituânia e Bósnia-Herzegovina.