Extrema-direita alemã funda nova organização jovem em dia marcado por protestos
A Alternativa para a Alemanha (AfD) formou no sábado a nova ala jovem do partido de extrema-direita, batizada de Geração Alemanha, num momento acompanhado por protestos com milhares de participantes.
A cidade de Giessen, perto de Frankfurt, acolheu o congresso da formação da ala jovem da AfD, num ambiente tenso, marcado pela forte presença policial e manifestações que deixaram algumas imagens violentas.
De acordo com a agência Efe, que cita fontes policiais num primeiro balanço, várias pessoas foram detidas e dez agentes ficaram feridos em confrontos com os manifestantes.
Os protestos, que incluíram tentativas de impedir a circulação rodoviária na cidade, obrigaram a AfD a iniciar o congresso com duas horas e um quarto de atraso.
Estas ações de protesto não impediram a fundação da nova organização juvenil da AfD - após a dissolução da antecessora, a Alternativa Jovem - e a eleição do novo presidente, Jean-Pascal Hohm, um deputado regional da AfD de Brandenburg, de 28 anos, que foi eleito líder da nova organização com 90,43% dos votos dos delegados.
Apesar do atraso no início do congresso, os delegados tomaram todas as decisões no sábado, para as quais tinham sido inicialmente previstos dois dias, pelo que a organização prescindiu do segundo dia, disseram fontes da AfD à Efe.
No discurso de apresentação, antes de ser eleito líder das camadas jovens do partido de extrema-direita, Hohm defendeu a AfD, acusada pelo atual Governo do chanceler Friedrich Merz de ser um partido que defende os interesses da Rússia na Alemanha.
"Podem ter posições diferentes, mas quero ser claro: nem Alice Weidel, nem Tino Chrupalla, nem ninguém é escravo da Rússia ou de qualquer outro país", afirmou.
"Somos patriotas alemães e a primeira coisa que perguntamos é quais são os interesses da Alemanha e dos nossos cidadãos", acrescentou, sob os aplausos dos presentes, que incluíam Weidel e Chrupalla, da AfD.
Em intervenções, Weidel e Chrupalla aludiram às manifestações de protesto contra a fundação da nova organização juvenil alemã.
"Há algo de errado neste país e é por isso que é importante fundar a Geração Alemanha, a geração boa, aqui e hoje", disse Chrupalla.
Weidel defendeu que a nova organização juvenil veja a luz do dia para que os atuais jovens do partido possam tornar-se a futura geração da formação política.
A co-líder da AfD também denunciou o ataque a Julian Schmidt, um deputado de 35 anos, quando se dirigia para o salão em Giessen, onde se realizou o evento.
A edição `online` do semanário Focus divulgou partes de um vídeo em que Schmidt, de 35 anos, deputado pelo círculo eleitoral de Marburg (oeste), terá sido confrontado por um grupo de pessoas com a cara tapada.
Esta foi uma das imagens violentas de um dia marcado por manifestações anti-AfD, na maioria sem incidentes.
A maior destas manifestações, em que participou a federação dos sindicatos alemães (DGB), reuniu 20 mil pessoas, de acordo com o jornal Bild.
No primeiro balanço, a polícia contabilizou um total de 25.000 a 30.000 pessoas nas ruas de Giessen.
Estes protestos, disse à Efe o investigador da Universidade de Konstanz Kilian Hempe, servem para mostrar que "a sociedade civil é mais numerosa do que o extremismo de direita", mas também permitem à AfD "fazer-se de vítima".
No início deste ano, o partido foi forçado a dissolver a Alternativa Jovem, que foi ameaçada de proibição após ter sido acusada de promover ideias xenófobas e de vários escândalos, desde cânticos racistas à organização de treino paramilitar.