FaceApp. A aplicação que envelhece o rosto dos utilizadores em troca de dados privados

por RTP
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Ganhou dimensão nos últimos dias. Imagens de pessoas mais velhas partilhadas no Facebook e Instagram. Tudo através de uma aplicação - FaceApp - que ao mesmo tempo recolhe informações pessoais. E para que isso aconteça, os utilizadores até podem não se aperceber, mas estão a autorizar essa recolha.

Dar as boas-vindas àquelas rugas implacáveis nunca foi tão fácil como agora. Com a FaceApp é possível prever como irá ficar daqui a uns anos.

Uma aplicação viral que está a invadir as redes sociais com centenas de fotografias de pessoas envelhecidas.

A app, que já tinha dado que falar, voltou às tendências e está atualmente em primeiro lugar nas listas das apps gratuitas mais descarregadas da Google Play e App Store, em Portugal.

Com mais de 80 milhões de utilizadores ativos, a aplicação desenvolvida pela empresa russa Wireless Lab voltou ao "ataque" com o filtro da idade.

A FaceApp “é uma aplicação baseada em software que usa algoritmos de inteligência artificial para transformar as fotos ou vídeos em imagens de arte ou mudar o fundo, sobrepor objetos e clonar o estilo ou efeito de outras imagens ou vídeos”, lê-se na descrição.

Lançada em 2017, a aplicação já permitia torná-lo mais jovem, ver como seria se mudasse de género ou ainda utilizar um filtro de beleza. Agora, as recentes atualizações permitem mostrar ao utilizador como irá ser a vida daqui a algumas décadas.

Contudo, é aquele texto enorme - e que pouca gente lê - que está a preocupar os especialistas.

Ao instalar a aplicação, todos os utilizadores são obrigados a concordar com os termos e a política de privacidade, previamente estipulados pela empresa.

Muitos não querem saber e apenas clicam em ‘aceitar’, mas a verdade é que estes utilizadores estão a consentir termos sem noção do que isso pode implicar.

Apesar de a aplicação garantir que apenas “recolhe e usa essas informações analíticas com informações analíticas de outros utilizadores, de modo a que não possa ser usado para identificar qualquer usuário individual em particular”, as dúvidas permanecem.
O que dizem os termos e condições?
Os termos e condições ditam o que a aplicação ou o serviço pode fazer com os dados de cada utilizador.

Ao aceitarem os termos, os utilizadores permitem o acesso direto a fotografias e outros materiais que publicam através daquele serviço, mas não só.

"Quando utiliza o nosso serviço, os nossos servidores registam automaticamente determinadas informações do arquivo de registo, incluindo o seu pedido da Web, endereço IP, tipo de navegador, páginas de referência/saída e URL, número de cliques e a forma como interage com os links no serviço, nomes de domínio, páginas de entrada, páginas visualizadas e outras informações. Também podemos reunir informações semelhantes de emails enviados para os nossos utilizadores, que depois nos ajudam a monitorizar quais emails são abertos e em que links os destinatários clicam", lê-se na política de privacidade.

Basicamente, ao instalar a aplicação e concordar com os termos, o utilizador “dá à FaceApp uma licença perpétua, irrevogável, não-exclusiva, livre de direitos de autor, global, totalmente paga e transmissível para reproduzir, modificar, adaptar, publicar, traduzir e criar trabalhos derivados” através do conteúdo fornecido por cada utilizador.

Os proprietários da aplicação afirmam que usam “ferramentas de análise de terceiros” para “ajudar a medir o tráfego e as tendências de uso do serviço”: “Essas ferramentas recolhem informações enviadas pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas Web visitadas, add-ons, e outras informações que ajudam a melhorar o serviço“.

Nos termos de uso é possível averiguar que tanto os termos como a política de privacidade não são atualizados desde 2017, ano em que a aplicação foi lançada no mercado.

A FaceApp é uma aplicação para maiores de 13 anos desde que esta seja consentida por um adulto enquanto são menores de idade.

Ainda assim, o serviço apresenta falhas. A FaceApp esclareceu que “não recolhe intencionalmente” informação de menores de 13 anos. Caso isso aconteça, a empresa é obrigada a eliminar todos os dados.
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