Falha comunicação foi um dos factores do acidente entre Boeing e Legacy

Uma falha de comunicações foi um dos factores que contribuíu para o acidente entre o Boeing da companhia aérea GOL e o jacto Legacy, que causou a morte de 154 pessoas, indicou o relatório preliminar da investigação, divulgado hoje.

Agência LUSA /

O relatório revela que os controladores do tráfego aéreo de Brasília fizeram sete chamadas para o Legacy durante meia hora, sem que obtivessem respostas, sendo que a última ocorreu um minuto antes do acidente, a 29 de Setembro.

Segundo o presidente da comissão de investigação do acidente, coronel Rufino da Silva Ferreira, é ainda prematuro dizer qual foi causa da tragédia mas é certo que "a falha de comunicações é um dos aspectos que contribuíram".

As investigações indicam, entretanto, que não houve falhas de comunicação com os pilotos do Boeing da GOL.

O coronel Ferreira destacou que o objectivo da investigação não é apontar culpados mas prevenir outros acidentes .

"Jamais a investigação apontará responsáveis. Ela vai apontar os facto es contribuintes e fazer recomendações", afirmou.

Quanto à informação do ministro brasileiro da Defesa, Waldir Pires, de que o "transponder" do Legacy não estaria a funcionar momentos antes da colisão, Ferreira ressaltou que isso só poderá ser confirmado a partir de análises mais específicas.

O "transponder" é um equipamento que transmite os dados de um avião para a torre de controle do tráfego aéreo e para outras aeronaves.

"Se o laudo disser que o transponder não apresentou defeito, é preciso verificar se ele foi correctamente operado", referiu.

O relatório preliminar diz ainda que os pilotos dos dois aviões não fizeram manobras para desviar a rota e evitar a colisão.

"Ninguém viu ninguém", explicou o coronel Ferreira.

A hipótese mais provável, de acordo com o relatório, é de que a colisão tenha acontecido entre as asas esquerdas dos dois aviões e que o Boeing tenha caído, em parafuso, até bater no solo, em plena Selva Amazónica, no Estado do Mato Grosso.

A previsão para o fim das investigações é de dez meses.

O choque entre o Legacy e o Boeing da GOL que fazia o voo entre Manaus e Rio de Janeiro, com escala prevista em Brasília, resultou no maior acidente aéreo da história brasileira.

Entre as 154 vítimas do acidente, figura um empresário português de Matosinhos, António Armindo, de 58 anos, que estava a trabalhar no Brasil.

Já o Legacy conseguiu fazer um pouso de emergência e as sete pessoas a bordo do jacto saíram ilesas.

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