Falha no Whatsapp permite espionagem de mensagens encriptadas

por RTP
Dado Ruvic, Reuters

Afinal, as mensagens do Whatsapp não estão assim tão seguras. Foi descoberta uma falha na aplicação que possibilita a leitura de conversas criptografadas e, mesmo protegidos, os usuários podem ver a sua privacidade violada.

A aplicação garantia ser a mais segura, mas um investigador da Universidade da Califórnia provou que afinal o Whatsapp também está vulnerável a ataques e espionagem.

Tobias Boelter, investigador e criptógrafo da Universidade da Califórnia, descobriu que o Facebook consegue ter acesso ao conteúdo das mensagens do WhatsApp, um serviço que adquiriu em 2014. Ao contrário do que até aqui tinha sido dito, o Facebook consegue ter acesso a mais informação além dos contactos.

Alguns defensores dos direitos humanos, citados em The Guardian, criticam a vulnerabilidade do WhatsApp como uma "enorme ameaça à liberdade de expressão" e alertam para a possibilidade de esta fuga de informação ser explorada por agências governamentais, para espiar utilizadores que acreditam que as suas mensagens estão seguras.

Até à data, o WhatsApp destacava-se das outras aplicações por garantir a privacidade e a segurança dos seus utilizadores, tornando-se mesmo uma ferramenta de comunicação para ativistas, dissidentes ou até diplomatas.

O WhatsApp utiliza o serviço de encriptação do Signal, desenvolvida pela Open Whisper Systems, considerada pelos especialistas em segurança informática como a aplicação de mensagens mais segura do mercado. O protocolo Signal garantia que não houvesse o acesso por parte de terceiros, nem mesmo por parte da própria aplicação, às mensagens privadas.

No entanto, o WhatsApp fez alterações ao protocolo de encriptação do Signal, que agora permite a descodificação das mensagens, de acordo com a descoberta de Tobias Boelter.

Boelter reportou a vulnerabilidade da aplicação ao Facebook, ainda em Abril de 2016, que disse estar ciente do problema e que se tratava de um "comportamento esperado". O facto é que o Facebook garantiu que estavam a trabalhar para resolver a questão, mas o jornal The Guardian verificou que o problema permanece.

Steffen Tor Jensen, líder do departamento de segurança de informação e contra-espionagem digital da European-Bahraini Organisation for Human Rights, explica que o WhatsApp consegue trocar constantemente as chaves de segurança quando os dispositivos estão offline e reenviar as mensagens sem que os utilizadores se apercebam da mudança antes de ela ser feita, o que faz da aplicação uma plataforma insegura.

A aplicação Whatsapp é utilizado por mais de mil milhões de pessoas – às quais se juntam os 900 milhões que usam o Messenger, o serviço de mensagens do Facebook.





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