Falsa sinalização nos Caminhos de Santiago é a nova “praga”

por RTP
Segundo declarações da presidente do Turismo de Ponferrada, a manipulação dos símbolos que guiam os peregrinos é da responsabilidade de “pessoas residentes na zona” Felix Ausin Ordonez - Reuters

Os símbolos que indicam o caminho aos peregrinos são manipulados, desviando-os para locais com presença de estabelecimentos de hotelaria e restauração. A população residente é a principal suspeita.

O problema é recorrente e é visto como uma “praga” para a rota dos Caminhos de Santiago. A alteração da sinalização no Caminho Francês (o principal itinerário que leva os peregrinos até Santiago de Compostela) faz com que os peregrinos percorram um caminho mais longo.

No município espanhol de Ponferrada, um dos pontos de passagem da rota milenária, os marcos que indicam o caminho que deve ser percorrido são alterados. Setas amarelas pintadas no asfalto “enganam os peregrinos e levam-nos por outra rota, fazendo, inclusivamente, com que se percam”, afirma Roger De La Cruz, diretor da Associação de Amigos do Caminho de Santigo no Bierzo.

Em declarações ao jornal espanhol El País, De La Cruz confessa que o “ponto negro” é uma bifurcação nos arredores de Ponferrada, que faz com que os peregrinos, que seguem as setas modificadas, enveredem pelo caminho errado.
 
“O problema é a má imagem que estamos a dar ao peregrino que nos visita”, lamenta o diretor da associação.
Residentes são os principais suspeitos

Segundo declarações da presidente do Turismo de Ponferrada, a manipulação dos símbolos que guiam os peregrinos é da responsabilidade de “pessoas residentes na zona”.

“Em lugares como O Porriño, em Pontevedra, foi denunciado que donos de bares próximos da rota falsificaram a sinalização de propósito”, afirma a presidente do Turismo de Ponferrada.

A alteração das indicações durante os Caminhos de Santiago é algo recorrente. Por esse motivo, foram criadas associações que pretendem combater este problema que afeta a rota milenária.

A Associação de Municípios do Caminho de Santiago é um dos exemplos. Criada há 15 anos, pretende contribuir para a gestão do Caminho Francês.

Para De La Cruz, “é um grande passo”, porém, “insuficiente”. Defende que “a sinalização do Caminho é sagrada e não pode ser modificada por interesses comerciais ou pessoais”. Acrescenta que “não se pode permitir que algumas pessoas com uma simples lata de spray ou um balde de tinta amarela o manipulem”.

Para o diretor da Associação de Amigos do Caminho de Santigo no Bierzo, a solução passará pela “imposição de sanções económicas que, atualmente, nem sequer existem”.
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