Falsas notícias sobre nova espécie de mosca tsé-tsé provocam alarme em Luanda

Luanda, 02 Fev (Lusa) - Falsas notícias sobre a descoberta de uma nova e perigosa espécie de mosca tsé-tsé em Luanda lançaram o alarme na capital angolana.

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

A imprensa angolana nos últimos dias divulgou notícias dando conta do aparecimento de uma nova espécie de mosca tsé-tsé nos arredores de Luanda, por peritos franceses a trabalhar no terreno.

O "alarme" causado em Luanda nos últimos dias por notícias que apontavam para a descoberta de uma nova e perigosa espécie da tsé-tsé é "infundado" e fruto de "mera especulação", disse à Lusa o director do Instituto de Controlo e Combate à Tripanossomíase (ICCT).

Josenando Teóphile explicou que o ICCT, através de uma equipa de peritos, investigou o caso, tendo constatado que se trata de um "mujimbo", boato em português.

"Lançámos os nossos peritos no terreno para averiguar a situação e o que eles constataram é que não existe qualquer insecto que se pareça com a mosca do sono e muito menos com uma nova espécie de mosca tsé-tsé. Tudo não passa de um falso alarme", salientou Josenando Teóphile.

No entanto, a mosca tsé-tsé é bem conhecida em Angola, país que ocupa o segundo lugar mundial na incidência da tripanossomiase, e apenas 10 por cento da população tem acesso ao tratamento e acompanhamento da doença do sono.

O director do ICCT considera, perante este cenário, necessário que sejam espalhadas equipas em número suficiente e mais recursos financeiros que permitam trabalhar nas zonas endémicas durante todo o ano na detecção e combate à doença.

Por insuficiência de meios actualmente foram contabilizados apenas 561 doentes em todas as províncias endémicas, onde as equipas puderam chegar.

Para uma resposta eficaz, o ICCT precisa de cinco milhões de dólares por ano, para durante os primeiros três anos combater a doença, e, à medida que o número de casos for diminuindo, reduzir-se também essa verba.

Actualmente a doença do sono afecta sete províncias angolanas, nomeadamente os arredores de Luanda, Bengo, Zaire, Uige, Malange, Cuanza-Norte e Cuanza Sul, sendo a mais atingida o Cuanza Norte, onde existem 50 por cento dos doentes.

A doença do sono é mortal se não for tratada convenientemente ou se o tratamento for tardio, apresentando sintomas muito idênticos aos da malária e da gripe, nomeadamente a febre.

Os cursos de água, as florestas densas e as plantações de café, banana e cana-de-açúcar são os principais locais de transmissão da doença, que é causada pela picada da mosca tsé-tsé.

Em Angola, além das sete províncias consideradas endémicas, existem vectores de transmissão da doença nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Bié, Moxico, Cuando Cubango, Benguela e Cabinda.

No total, as autoridades sanitárias estimam que cerca de quatro milhões de angolanos vivam em zonas do país onde podem contrair esta doença.

As províncias do Huambo, Namibe, Huila e Cunene são as únicas onde não estão referenciados casos da doença do sono.

HSO/RB.


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