Falta preparação para desastres naturais em Aceh

Banda Aceh, Samatra, Indonésia, 24 dez (Lusa) -- A hotelaria de Aceh, a província indonésia mais afetada pelo tsunami de 2004, não tem qualquer preparação para lidar com desastres naturais, um problema que é comum a outras zonas da Ásia, alerta o investigador português Luís Mota.

Lusa /

"Nenhum provedor turístico tem um procedimento escrito para evacuação em caso de desastre natural", diz o estudante de pós-doutoramento sobre o desenvolvimento da zona após o tsunami de 2004.

O que existem, explica, são apenas "procedimentos para evacuação em caso de incêndio implementados por hotéis de qualidade superior.

Segundo o investigador, que centrou o seu pós-doutoramento no desenvolvimento turístico e segurança da zona, pela Universidade de Syiah Kuala, em Banda Aceh, "ainda não é requisito ter um plano de evacuação em caso de terramoto ou tsunami em áreas vulneráveis".

Em 2008, foi lançado um documento nacional para o setor turístico apenas de Bali, a ilha mais turística da Indonésia. O resto do país, refere Luís Mota, desconhece esse plano, um sinal que as estruturas turísticas ainda não aprenderam tudo com o tsunami de dezembro de 2004.

Embora elogie os "muitos programas de evacuação" e educação em Aceh, o doutorado pela Universidade de Santiago de Compostela, de Espanha, salienta que o sistema sonoro de alerta de tsunami "parece estar desligado em algumas partes da costa", enquanto noutras zonas "não funciona por falta de manutenção".

"Os provedores turísticos não tem comunicação com o sistema sonoro de alerta de tsunami, nem nunca ninguém lhes disse o que fazer em caso de emergência", exemplificou, antes de frisar que esta falta de preparação "é uma questão global" e afeta também Portugal.

A proteção tem sido negligenciada pelo setor hoteleiro e o falso alerta de maremoto em 1999 no Algarve mostrou o desconhecimento da população, dado que "muita gente começou a dirigir-se para a praia para ver o tsunami", exemplificou.

Na Ásia, "a Organização Mundial do Turismo (OMT) desenvolveu projetos para melhorar a imagem dos países afetados pela catástrofe, nomeadamente sistemas de comunicação, apoiando novas campanhas de marketing para atrair de novo o turismo, ou programas de formação profissional relacionada com as atividades" turísticas, recorda Luís Mota.

Na Tailândia, "existem hotéis que instalaram o seu sistema sonoro de alerta de tsunami, que pode encontrar-se ligado diretamente aos quartos de hóspedes, aumentaram a frequência das inspeções, mas, no entanto, os simulacros não funcionam e geram pânico geral", exemplificou.

Ali, há também "brochuras para informar os clientes sobre as ameaças naturais que eventualmente podem ocorrer" e procedimentos de evacuação, destaca Luís Mota, salientando que esta aposta mais visível na segurança levou também a uma retoma do turismo.

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