Família real da Arábia Saudita infetada com novo coronavírus

por RTP
O príncipe saudita Faisal bin Bandar bin Abdulaziz Al Saud, e governador de Riad, tem 70 anos e está nos cuidados intensivos devido à infeção pelo novo coronavírus. Ahmed Yosri - Reuters

Seis semanas depois de surgir o primeiro caso confirmado de Covid-19 na Arábia Saudita, o vírus afeta também a família real. Cerca de 150 membros da família real da Arábia Saudita estarão infetados com o novo coronavírus.

O príncipe saudita Faisal bin Bandar bin Abdulaziz Al Saud, e governador de Riad, tem 70 anos e está nos cuidados intensivos devido à infeção pelo novo coronavírus, revela o New York Times.

O Rei Salman, de 84 anos, e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, de 34 anos, estão em isolamento profilático, como medida de prevenção, num palácio perto da cidade de Jeddah, no Mar Vermelho. Mas, segundo o jornal norte-americano, estarão infetados dezenas de membros da família real.

O facto é que o hospital de elite que trata a família diz estar em "alerta máximo", tendo preparadas mais de 500 camas para o afluxo esperado de membros reais sauditas infetados.

"As diretrizes devem estar prontas para os VIPs de todo o país", escreveu em comunicado a administração do Hospital Especializado King Faisal.

"Não sabemos quantos casos receberemos mas estamos em alerta máximo", lê-se ainda na nota a que o NYT teve acesso, mas têm ordens para que "todos os pacientes crónicos sejam transferidos o mais rápido possível" e apenas "os principais casos urgentes" sejam aceites nas instalações deste hospital.

O hospital esclareceu ainda que qualquer membro da equipa médica infectado será tratado num outro hospital para economizar espaço para a família real.

A questão é que a família real inclui milhares de príncipes, muitos dos quais viajam com frequência para a Europa. Aliás, acredita-se que alguns tenham trazido o vírus para a Arábia Saudita no regresso, segundo médicos e pessoas próximas da família.

Espera-se que, com vários membros da família al-Saud infetados com Covid-19, a resposta à pandemia no país seja mais eficaz. Acredita-se que o cessar-fogo no Iémen, que começa esta quinata-feira, também foi decretado tendo em conta o número de infeções no seio da família real.

A Arábia Saudita relatou o primeiro caso de Covid-19 há seis semanas. Neste momento, estão confrmados 2.932 casos, 41 mortes e 631 recuperações, segundo os dados da Universidade John Hopkins.
Viagens e peregrinações proibidas

O reino, com cerca de 33 milhões de habitantes, decretou esta semana o recolher obrigatório de 24 horas na capital, Riad, e em outras cidades, incluindo Jiddah e Meca.

Ainda antes de ser relatado o primeiro caso de infeção no país, já tinham sido proibidas as deslocações a partir e em direção a Riad, Meca e Medina, suspensas as orações nas mesquitas e encerrados aos peregrinos os principais locais sagrados do Islão para limitar as infeções.

A verdade é que o primeiro caso de infeção no país era um saudita que tinha viajado até ao Irão e que importou a doença no regresso à Arábia Saudita.

Na terça-feira, o ministro da Saúde, Tawfiq al-Rabiah, alertou que o combate ao coronavírus no país está apenas no início, e que se prevê que haja "um mínimo de 10 mil a um máximo de 200 mil" infeções nas próximas semanas.

Quanto à peregrinação anual do Hajj, as autoridades ainda não anunciaram se vai ser possível realizar este ano como previsto para o final de julho. Mas no ano passado, cerca de 2,5 milhões de pessoas viajaram para a Arábia Saudita para participar no Hajj - que todos os muçulmanos devem realizar pelo menos uma vez na vida, se possível - o que não é aconselhavel no contexto da pandemia.

Estima-se que a família real saudita tenha cerca de 15 mil membros. Até agora, a maioria dos membros da família real que foram infetados pertencem a ramos inferiores, segundo o New York Times. E na sua grande maioria os casos no país estão a ser relatados nos campos de trabalho e favelas de imigrantes nas redondezas de Meca e Medina.

Três médicos vinculados a hospitais do reino disseram que a maioria dos infetados não eram sauditas.

Os trabalhadores migrantes do sudeste da Ásia ou dos países árabes mais pobres representam cerca de um terço da população do reino e a maioria vive aglomerada em grandes acampamentos fora das principais cidades e desloca-se para trabalhar em autocarros cheios de gente - condições ideais para a transmissão de um vírus.

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