Famílias dos reféns criticam ofensiva e organizam manifestações
As famílias dos reféns mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza realizam hoje manifestações em vários pontos de Israel para criticar os planos do governo israelita de ocupação do norte do enclave palestiniano.
As manifestações foram organizadas pelo Fórum das Famílias dos Reféns e assinalam os 700 dias do início da ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza.
Em comunicado, as famílias pretendem homenagear os 48 reféns ainda mantidos em cativeiro.
"Os nossos 48 entes queridos correm o risco de serem mortos e perdidos para sempre nas ruínas de Gaza", lamentou o organismo, numa crítica aos planos do governo israelita para ocupar a cidade de Gaza através de uma ofensiva militar de grande escala.
As famílias pediram ao governo israelita que regresse aos canais diplomáticos para pôr fim à ofensiva em curso e lembraram que existem contactos entre as partes sobre a entrega dos reféns e o fim da guerra.
Hoje, na chamada Praça dos Reféns, em Telavive, um grupo de ativistas exibiu uma grande placa com a palavra "SOS" ("Save Our Souls") no chão, junto a uma ampulheta, para realçar que o tempo está a esgotar-se para os reféns.
Numa outra manifestação em Kiryat Gat, no sul de Israel, Silvia Cunio, cujos dois filhos Ariel e David continuam reféns em Gaza, declarou que a família está a sofrer "por causa de uma política patética".
"Já chega. Acabem com a guerra, tragam-nos para casa", acrescentou.
No mesmo protesto, Arbel Yehud, uma refém libertada, lembrou o longo período que passou em cativeiro e realçou que "cada minuto é uma eternidade e que cada segundo coloca em perigo a vida dos reféns".
São esperados hoje mais protestos em diferentes pontos do país, incluindo junto à residência do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, já durante a noite.
O governo de Israel lançou a ofensiva contra Gaza a 07 de outubro de 2023, após ataques do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, nos quais 1.200 pessoas morreram e 251 foram feitas reféns.
Israel e o Hamas assinaram apenas acordos de cessar-fogo em que trocaram reféns por prisioneiros palestinianos.
O último acordo foi assinado em janeiro mas o governo israelita violou o tratado em março, retomando os bombardeamentos contra o enclave palestiniano.
Nos 700 dias de ofensiva, mais de 64 mil palestinianos foram mortos por Israel em ataques contra casas, hospitais, escolas, universidades e abrigos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Países como a África do Sul denunciaram esta ofensiva perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como genocídio, denúncia feita também por organizações de defesa dos direitos humanos internacionais e israelitas.