Famílias separadas nos EUA lutam contra deportação

por RTP
Famílias que atravessaram a fronteira fugiam de situações de perseguição e violência nos seus países de origem Loren Elliott - Reuters

Após terem atravessado a fronteira entre o México e os Estados Unidos, cinco pais juntaram-se num processo para anular as sentenças que levaram à sua deportação. A sentença obrigou-os a voltar aos países de origem. No entanto as suas crianças ficaram nos Estados Unidos.

No outono do ano passado, cinco adultos atravessaram a fronteira entre o México e os Estados Unidos, cada um com uma criança. Depois de serem barrados na fronteira, foram separados das crianças e obrigados a comparecer em tribunal, de acordo com o jornal The Guardian.

O julgamento, realizado a 7 de fevereiro deste ano, determinou que quatro dos adultos seriam deportados. No entanto, as crianças que os acompanhavam foram obrigadas a permanecer nos Estados Unidos.

Todos os arguidos defenderam a sua inocência em tribunal, alegando que, caso fossem deportados, teriam a sua vida em risco nos países de origem. Pediram também se lhes podiam dar notícias sobre as suas crianças, entre os oito e os 11 anos – mas o pedido foi negado.

Por terem sido deportados, estas pessoas não veem as crianças desde outubro do ano passado, altura em que foram separados na fronteira.
“Fugiram com os filhos pelas suas vidas”
O defensor oficioso dos cinco arguidos, Sergio García, encontra-se agora num processo para anular as sentenças referentes aos familiares. Já confessou a The Guardian que talvez tenha de levar o caso ao Supremo Tribunal para o efeito.

No seu entender, as deportações são o equivalente a terminar a relação parental com as crianças, o que considera uma violação da Constituição americana.

“O que é que os meus clientes fizeram? Fugiram com os filhos pelas suas vidas. A lei federal diz que os requerentes de asilo podem atravessar a fronteira em qualquer local”, conta ao jornal britânico.

Os cinco arguidos, bem como as crianças que os acompanhavam, fugiam de situações de perseguição e violência. Um deles, Maynor Claudino, enfrentava a violência dos Mara, um gang hondurenho  mais conhecido por MS-13.

Quando Claudino foi intercetado na fronteira entre o México e os Estados Unidos, um dos guardas disse-lhe que “os Estados Unidos eram tão perigosos como as Honduras” e que os gangs iriam recrutar o seu filho - de 11 anos - e obrigá-lo a vender drogas.

Cerca de três jovens são assassinados diariamente nas Honduras – o que perfaz mais de mil mortes por ano, de acordo com um outro artigo do jornal The Guardian.
Os filhos que ficaram para trás
Elba Luíz Domínguez foi obrigada a voltar para El Salvador e a deixar a filha, Joselin, com o pai, em Houston – um familiar com quem não tem contacto desde os dois anos.

Já Maynor Claudino foi deportado para as Honduras, um país cuja insegurança e violência o obrigam a mudar de local constantemente. O seu filho, de 11 anos, foi obrigado a ficar com os tios, em Los Angeles. A tia confessou ao The Guardian que “a primeira vez que vi a criança foi no aeroporto”.

Também uma avó tentou passar a fronteira. Natividad Zavala, de 63 anos, viajava das Honduras com o seu neto de oito anos. Queria levar o menino até à sua mãe, em Nova Iorque, mas desde que foi deportada para as Honduras não sabe se o neto foi, ou não, entregue.

Jose-Francis Yanes Mancia foi deportado e obrigado a deixar o filho nos Estados Unidos. No entanto, não quis prestar declarações ao jornal britânico.

A única pessoa que não foi deportada foi Blanca Nieve. Depois de ter sido separada do seu filho de 13 anos, já se reencontrou com o mesmo em Nova Orleães, passando agora pelo processo de asilo.
Tópicos
pub