Federação Internacional Direitos Humanos condena assassínio de jornalista
A Federação Internacional dos Direitos Hum anos (FIDH) condenou com "a maior firmeza" o assassínio da jornalista russa Ana Politkovskaya, considerada a mais crítica da política do presidente da Rússia, Vladimir Putin, na Tchetchénia.
Em comunicado, a FIDH pediu às autoridades russas que levem a cabo uma investigação "independente e imparcial" sobre o assassínio da jornalista, que sábado foi encontrada morta com quatro tiros à porta de casa em Moscovo.
A FIDH apelou igualmente às autoridades russas para que cumpram os instrumentos internacionais e regionais relativos aos direitos humanos e que garantam em todas as circunstâncias a liberdade de expressão.
Também a Amnistia Internacional expressou o seu "horror" face à notícia da morte da jornalista russa, sublinhando que a "Rússia perdeu uma valente e de dicada defensora dos direitos humanos".
O assassínio de Ana Politkovskaya, que já tinha sido objecto de "graves represálias" e "ameaças de morte" pelos seus artigos, acontece quando estava a preparar uma reportagem sobre as torturas sistemáticas na Tchetchénia.
O secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, pediu hoje uma investigação urgente à morte da jornalista, considerando que as causas do assassínio devem ser "esclarecidas rapidamente".
"É muito inquietante as circunstâncias pelas quais esta jornalista com uma coragem e uma determinação excepcionais perdeu a vida", disse Terry Davis.
Por sua vez, o comissário europeu dos direitos humanos, o sueco Thomas Hammarberg, considerou a jornalista "uma das mais importantes defensoras dos direitos do homem na Rússia".
"A sua morte é uma grande perda para a Rússia e para a causa dos direitos do homem", adiantou.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros belga e actual presidente e m exercício da OSCE, Karel De Gucht, condenou hoje o assassínio e apelou às autoridades russas para que descubram "tão rapidamente quanto possível" os autores.
"É uma perda trágica e profundamente chocante. Apelo às autoridades russas para que descubram os responsáveis tão rapidamente quanto possível", referiu .
Integradas numa manifestação realizada hoje em Moscovo a favor dos georgianos que vivem na Rússia, várias centenas de pessoas exprimiram também a sua indignação pela morte da jornalista.
O assassínio de Politkovskaya foi igualmente condenado por todas as forças políticas russas, pelo Departamento de estado norte-americano e por organizações internacionais, como os Repórteres Sem Fronteiras.
Politkovskaya, que nasceu em Nova Iorque em 1958, confessou, por várias ocasiões, que tinha recebido ameaças de morte dos serviços secretos russos, do exército e de outras agências de segurança de Estado, organismos que tinha criticado fortemente nos artigos que publicou.
Anna Politkovskaya fez carreira como jornalista de investigação e tornou-se conhecida fora da Rússia pelas reportagens críticas que fez na república separatista da Tchetchénia, onde escreveu sobre assassínios, torturas e espancamentos civis pelas forças russas.
Por essas reportagens, Politkovskaya recebeu vários prémios internacionais de jornalismo e já escreveu vários livros sobre a política da Rússia para a Tchetchénia.