Fernando Dias reclama vitória na Guiné-Bissau e deixa apelo à comunidade internacional

O candidato às presidenciais na Guiné-Bissau Fernando Dias, que reclama vitória nas eleições de domingo, condenou hoje o golpe militar no país e pediu à comunidade internacional para "fazer valer a democracia na Guiné-Bissau, não ditadura".

Lusa /

"Nós condenamos este golpe de Estado, nós condenamos o comportamento do [Presidente cessante e recandidato] Umaro Sissoco Embaló. Ele não é democrata, é um ditador e nós não podemos admitir que uma situação do género aconteça, porque vai-se repetir mais vezes", alertou em declarações à Lusa.

Falando por telefone a partir de um local onde disse estar em segurança depois de ter conseguido escapar de polícias armados que, contou, invadiram a sede da campanha na quarta-feira, Fernando Dias afirmou ter dado conhecimento da situação às autoridades portuguesas através da embaixada em Bissau.

Dias acrescentou que o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, alegadamente detido na segunda esquadra de Bissau, "não está bem", está incontactável e sem acesso a medicação.

Falando por telefone a partir de um local onde disse estar em segurança depois de ter conseguido escapar de polícias armados que, contou, invadiram a sede da campanha na quarta-feira, Fernando Dias disse desconhecer "o que está a acontecer de concreto" com Simões Pereira, o principal opositor do Presidente deposto, Umaro Sissoco Embaló, e que foi seu apoiante depois de ter visto a sua candidatura ser excluída pelo Supremo Tribunal.

Segundo relatou à Lusa, quando a sede da campanha foi invadida quarta-feira -- dia em que os militares tomaram o poder - por polícias armados, pouco depois de terem estado reunidos com observadores internacionais, no "puxa-puxa" em que foram ajudados por elementos da juventude, conseguiram escapar por uma porta traseira.

"Estávamos juntos com o Domingos Simões Pereira e, de repente, (...) fomos para direções diferentes (...) e ele foi parar na Base Aérea, pensando que lá ia ter maior segurança (...). Mas o tio do Embaló que é comandante [na base] (...) soube e pegaram o Domingos e levaram-no para a segunda esquadra", relatou.

"Neste momento, o Domingos não está bem na segunda esquadra porque não está a ter acesso aos familiares, a visitas e está a ter problemas de tomar remédios três vezes por dia e nós não sabemos o que está a acontecer de concreto", disse, afirmando que também lhe foi retirado o telefone.

Salientando que o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, que liderou a luta pela independência do país) "não é parte desse problema", já que não era candidato, Fernando Dias disse que tem procurado informar a comunidade internacional "sobre o abuso de poder que se está a verificar".

Segundo Fernando Dias, por ordens de Sissoco Embaló, foi retirada a segurança aos candidatos e líderes políticos.

"Não temos nem segurança de Estado e nem segurança da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], que está no país. Nós estamos com a segurança privada, que são os militantes do nosso partido (...), por isso é que escolhemos o lugar certo onde eu estou neste momento", declarou.

Os militares anunciaram a tomada do poder na Guiné-Bissau na quarta-feira, um dia antes do anúncio dos resultados das eleições presidenciais e legislativas que se realizaram no domingo.

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