Ferroviária moçambicana CFM representa "espinha dorsal" da economia -- PR
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, disse hoje que a estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) representa a "espinha dorsal" da economia e o canal para o desenvolvimento nacional, quando se comemoram 130 anos da empresa.
"Os Caminhos do Ferro de Moçambique tornaram-se a espinha dorsal da economia e canal de circulação de ideias, culturas, sonhos e desenvolvimentos do nosso Moçambique (...). Foram os trilhos que costuraram o país de norte a sul, de zumbo ao indico e de este a oeste", declarou o chefe de Estado de Moçambique, durante cerimónia de celebração do aniversário dos CFM, em Maputo.
Para Daniel Chapo, as linhas férreas aproximaram o interior do litoral, as zonas rurais dos centros urbanos e ligaram Moçambique aos "países irmãos", entre os quais a África do Sul, Zimbábue, Maláui, Zâmbia e Essuatíni, levando à "criação de muitas cidades à volta das estações ferroviárias".
O estadista considerou ainda que o empreendimento tornou-se, "nas mãos e no suor dos moçambicanos", um instrumento "poderoso" de coesão territorial, desenvolvimento económico e social, e de criação da cidadania e afirmação nacional.
"Na celebração de hoje não comemoramos apenas uma simples data histórica, mas sim festejamos a nossa capacidade de resistir, de transformar, de sonhar e de fazer o futuro", disse, referindo que a história dos CFM confunde-se com a "própria história de Moçambique".
A empresa estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, outrora conhecida como "Serviços dos Portos e Caminhos de Ferro da Colónia de Moçambique", foi criada em 1931 com o objetivo de unificar os serviços logísticos da colónia, com foco no transporte ferroviário e marítimo.
A empresa desempenhou um papel crucial na ligação de Moçambique ao mundo, através do desenvolvimento de seis portos importantes e de linhas férreas que se estendiam por todo o território.
Em 2024, a ferroviária moçambicana atingiu o recorde de 6,9 milhões de passageiros transportados, no sistema centro e sul, quase meio milhão a mais do que o previsto pela empresa, segundo dados oficiais, e 3% acima do registo de 2023.
No mesmo ano, os lucros da empresa recuaram em 13%, para 2.579 milhões de meticais (35,4 milhões de euros), devido às manifestações pós-eleitorais, segundo o relatório de contas.
No documento, a que a Lusa teve recentemente acesso, é referido que destes resultados líquidos foi decidido entregar 42%, equivalente a 1.083 milhões de meticais (14,8 milhões de euros), como dividendos ao Estado, contra 35% do total dos lucros de 2023, no valor de 1.042 milhões de meticais (14,3 milhões de euros), sendo o restante aplicado em reservas.