Filho de Aung San Suu Kyi diz que líder de Myanmar corre "grave perigo" de saúde
A líder de Myanmar (antiga Birmânia) Aung San Suu Kyi, de 80 anos, vencedora do Prémio Nobel da Paz, corre "grave perigo" devido ao agravamento de problemas cardíacos, alertou hoje o filho, Kim Aris.
"A minha mãe está a sofrer de complicações cardíacas crescentes. Pediu para consultar um cardiologista, mas ninguém sabe onde está internada ou se está a receber cuidados", disse Aris, num vídeo publicado na rede social Facebook.
O filho da política classificou a situação como "cruel, com risco de vida e inaceitável" e apelou à libertação imediata de Suu Kyi, bem como de todos os presos políticos em Myanmar.
Nos últimos anos, têm surgido preocupações sobre a saúde de Suu Kyi. A dirigente cumpre uma pena de quase 30 anos de prisão imposta num processo judicial que decorreu após ter sido afastada pelo golpe militar de 2021.
Kim Aris, que vive em Londres, tem acusado o regime de Myanmar de privar a mãe de cuidados médicos apesar dos problemas de saúde que sentiu nos últimos anos.
Suu Kyi, detida em Naypyidaw a 01 de fevereiro de 2021 pela junta militar, não tem contacto com o mundo exterior desde abril de 2024, quando os militares anunciaram que a tinham transferido para um local de detenção desconhecido.
A antiga líder de facto de Myanmar, que liderou a transição democrática do país, não é vista em público desde 30 de dezembro de 2022, gerando preocupação entre os apoiantes, alguns dos quais se juntaram a grupos armados pró-democracia para enfrentar os militares.
Suu Kyi, que passou mais de 15 anos na prisão por se opor aos militares que governaram Myanmar com mão de ferro entre 1962 e 2011, é ainda vista como uma mártir da democracia do país.
Na segunda-feira, a junta militar anunciou que as eleições legislativas, as primeiras desde que assumiu o poder em 2021, serão realizadas a partir de 28 de dezembro.
A junta, liderada por Min Aung Hlaing, apresentou estas eleições como um meio de pôr fim ao conflito que abala Myanmar e causou milhares de mortos e mais de 3,5 milhões de deslocados.
Grupos da oposição, incluindo antigos parlamentares destituídos no momento do golpe, prometeram boicotar as eleições, que um especialista da ONU, Tom Andrews, comparou a "uma farsa" destinada a legitimar o domínio contínuo dos militares.
Pouco depois do anúncio das eleições, a junta militar fechou o mais importante ponto de passagem na fronteira com a Tailândia, para conter o financiamento dos grupos rebeldes armados.
Os militares controlam a ponte de Myawaddy, pela qual transitam mensalmente mais de 120 milhões de dólares (cerca de 103 milhões de euros) em trocas comerciais entre os dois países vizinhos, de acordo com dados da alfândega tailandesa.
Mas na autoestrada que liga o posto fronteiriço à cidade de Rangum, a junta combate guerrilheiros que se financiam através da criação de portagens próprias.